Resenha: “How to Be a Human Being”, Glass Animals

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2016

Artista: Glass Animals
Gênero: Indie Pop, Alternativo, R&B
Acesse: http://glassanimals.eu/

 

Formado em 2012 na cidade de Oxford, Inglaterra, o Glass Animals — coletivo composto por Dave Bayley (voz/guitarra), Drew MacFarlane (guitarra/teclados), Edmund Irwin-Singer (baixo/teclados) e Joe Seaward (bateria) — passou os dois primeiros anos de carreira brincando com a música pop. O resultado de todos esse experimento está em Zaba (2014), uma extensão do som originalmente produzido nos primeiros EPs da banda — Leaflings (2012) e Glass Animals (2013) — e o ponto de partida para o recém-lançado How to Be a Human Being (2016, Wolf Tone / Caroline International).

Segundo álbum de inéditas do grupo, o registro inaugurado pelas batidas e versos pegajosos de Life Itself mostra que o quarteto britânico continua a produzir o mesmo som testado há dois anos, porém, de forma ainda mais complexa, mergulhando em um oceano de novas experiências instrumentais, ensaios eletrônicos e vozes. Um conjunto de 11 faixas em que elementos do Hip-Hop, R&B, pop e ecos de psicodelia se encontram com naturalidade.

Dinâmico, How to Be a Human Being segue a trilha de outros grandes lançamentos da cena alternativa inglesa. Obras como Get To Heaven (2015), do Everything Everything ou mesmo Boy King (2016), quinto e mais recente álbum do Wild Beasts. A julgar pelas melodias, experimentos controlados e vozes em loop que sustentam o registro, não seria um erro dizer que os pequenos desajustes e faixas demasiado extensas do último álbum do Alt-J, This Is All Yours (2014), foram solucionadas de forma inteligente pelo Glass Animals. Uma fuga declarada de possíveis excessos.

Da abertura do disco, com Life Itself, passando por músicas como a delicada Mama’s Gun, o R&B de Cane Shuga e Take a Slice, todas as canções do álbum estão ali por algum motivo. Em um intervalo de 43 minutos, guitarras lisérgicas se encontram com batidas carregadas, vozes se transformam em instrumentos e cada nova canção serve de base para a faixa seguinte. Mesmo as derradeiras Poplar St e Agnes reforçam o cuidado do grupo na construção do registro.

Tamanha coerência acaba fazendo de How to Be a Human Being uma obra previsível em diversos momentos. É fácil perceber a “padronização” de grande parte das composições, como se tudo girasse em torno de uma mesma base melódica, a letra explorada de forma instrumental e o refrão pegajoso, cíclico, feito para grudar em poucos instantes. Uma constante sensação de que todos os elementos testados durante a construção de Gooey, faixa mais conhecida da banda, foram reciclados em parte expressiva das novas composições.

Mesmo que seja fácil prever qual é o caminho assumido pela banda ao longo do disco, impossível ouvir o sucessor de Zaba e não ser atraído pelas canções Glass Animals. Entre texturas eletrônicas e arranjos marcados pelos detalhes, um catálogo de versos que discutem os problemas da vida adulta (Life Itself), resgatam memórias nostálgicas da adolescência (Youth) e ainda dialogam de forma curiosa com os diferentes personagens que aparecem estampados na capa do disco (Agnes).

 

How to Be a Human Being (2016, Wolf Tone / Caroline International)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Alt-J, Wild Beasts e Everything Everything
Ouça: Life Itself, Youth e Agnes

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.