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Críticas

Camp Cope

: "How to Socialise & Make Friends"

Ano: 2018

Selo: Run For Cover

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Speedy Ortiz

Ouça: Anna e The Opener

7.6
7.6

Resenha: “How to Socialise & Make Friends”, Camp Cope

Ano: 2018

Selo: Run For Cover

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Soccer Mommy e Speedy Ortiz

Ouça: Anna e The Opener

/ Por: Cleber Facchi 16/03/2018

Ouvir How to Socialise & Make Friends (2018, Run For Cover), segundo e mais recente álbum estúdio do Camp Cope, é como ser transportado para o quarto de algum adolescente em meados da década de 1990. Um cenário dominado por pôsteres de artistas como Nirvana, Pearl Jam e Alanis Morissette, roupas espalhadas pelo chão, pilhas de fitas cassete e CDs que se acumulam em uma cômoda bagunçada em um canto escuro. Um profundo sentimento nostálgico que se espalha e cresce à medida em que o ouvinte se entrega ao disco.

Preciosa continuação do material entregue há dois anos, durante o lançamento do homônimo debute que apresentou a banda australiana, o trabalho de nove faixas e pouco menos de 40 minutos de duração encontra na força dos sentimentos o principal componente para o crescimento de cada composição. Um esforço coletivo do trio formado por Georgia McDonald (guitarra e voz), Kelly-Dawn Hellmrich (baixo) e Sarah Thompson (bateria).

Exemplo disso está na inaugural The Opener, uma clara viagem o rock alternativo concebido há mais de duas décadas e, ao mesmo tempo, um fino exercício da exposição sentimental que invade o trabalho. Trata-se de uma tradução poética da fúria de McDonald em relação a temas como machismo, a repressão que as mulheres sofrem diariamente no mundo da música e, ao mesmo tempo, um metafórico exercício criativo que se permite provar de temas românticos de forma contida.

Nada que se compare à explosão instrumental e poética de Anna. “Ela empacotou todas as malas e seguiu seu caminho / Voltou para Adelaide / O gato já chorou / Andando sozinho por toda a casa / Eu realmente espero que você esteja feliz onde está agora … Apenas saia!“, canta McDonald em um misto de angústia e profunda libertação. Uma composição crescente, raivosa, como uma continuação de tudo aquilo que o trio de Melbourne vinha explorando desde o último álbum.

O mesmo conceito enérgico acaba se refletindo em outros momentos ao longo da obra. É o caso de Animal & Real, música que lembra o trabalho de Vagabon no ainda fresco Infinite Worlds (2017), efeito das atmosfera crescente que embala a canção. Para a faixa-título do disco, um misto de romantismo doloroso e busca declarada por libertação, vide os instantes finais da faixa — “Eu posso me ver vivendo sem você / Para o resto da minha vida” —, cuidado que se reflete em músicas como UFO Lighter e Sagan-Indiana.

Mesmo completo pela inserção de pequenos respiros instrumentais/poéticos, como em The Face of God e U’ve Got You, How to Socialise & Make Friends segue em uma estrutura intensa até o último segundo. Um permanente olhar para o passado que inevitavelmente esbarra na obra de Liz Phair, porém, a todo instante parece dialogar com o trabalho de diferentes representantes do rock alternativo, principalmente, a conterrânea Courtney Barnett, claramente uma das principais inspirações para o material entregue pelo trio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.