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Críticas

Hinds

: "I Don't Run"

Ano: 2018

Selo: Lucky Number / Mom + Pop Music

Gênero: Garage Rock, Indie Rock

Para quem gosta de: Bleached e Frankie Cosmos

Ouça: The Club e New For You

7.5
7.5

Resenha: “I Don’t Run”, Hinds

Ano: 2018

Selo: Lucky Number / Mom + Pop Music

Gênero: Garage Rock, Indie Rock

Para quem gosta de: Bleached e Frankie Cosmos

Ouça: The Club e New For You

/ Por: Cleber Facchi 17/04/2018

Como amadurecer e, ao mesmo tempo, preservar a própria identidade? Esse parece ser o principal desafio do Hinds no segundo álbum de inéditas da carreira, I Don’t Run (2018, Lucky Number / Mom + Pop Music). Sucessor do elogiado Leave Me Alone (2016), o registro de 11 faixas mostra o esforço do quarteto formado por Carlotta Cosials, Ana García Perrote, Ade Martín e Amber Grimbergen em ampliar os próprios domínios, brincando com diferentes colaborações e novas temáticas.

Não por acaso, o quarteto escolheu a sombria The Club como faixa de abertura do trabalho.Trata-se de uma clara reflexão sobre os excessos da vida noturna em Madrid e o natural deslocamento do eu lírico. “[Essa música] é sobre o momento em que você percebe que não pertence a lugar nenhum e tenta se agarrar a qualquer coisa“, explicou Cosials em entrevista ao Consequence of Sound. Um rock amargo, sóbrio, conceito explorado pela banda durante toda a execução da obra.

Mais do que um fino exercício do amadurecimento poético da banda, a composição de apenas três minutos mostra o fortalecimento das guitarras, agora abertas, ancoradas de forma explícita no garage-punk dos anos 1970/1980. Instantes em que o quarteto espanhol invade o mesmo universo instrumental de veteranos como The Libertines e, principalmente, The Strokes, efeito da forte similaridade com as guitarras assinadas por Nick Valensi.

Parte dessa explícita aproximação vem da escolha do quarteto em trabalhar com o experiente Gordon Raphael, produtor responsável pelos dois primeiros álbuns de estúdio do grupo nova-iorquino – Is This It (2001) e Room on Fire (2003). Da forma como os vocais surgem abafados em Soberland, passando pelo rock descompromissado de I Feel Cold But I Feel More à breve aceleração de Rookie, faixa após faixa, o grupo parece estreitar o diálogo com a obra dos Strokes.

Claro que a forte interferência de Raphael não inviabiliza a construção de faixas como To The Morning Light e New For You, íntimas do primeiro álbum de inéditas da banda. Entre guitarras arrastadas e vozes em coro, o quarteto traz de volta a mesma atmosfera litorânea detalhada Leave Me Alone. Surgem ainda faixas como a inusitada Finally Floating, composição que flerta com o uso de batidas dançantes, emulando uma base eletrônica, além da caseira Ma Nuit, com suas guitarras acústicas.

Entre versos de amor, conflitos típicos de jovens adultos, medos e desilusões, I Don’t Run reflete o amadurecimento da banda espanhola, porém, mantém firme o conceito despretensioso esboçado em Leave Me Alone. Pouco menos de 40 minutos em que o quarteto de Madrid se esforça para fazer de cada composição do disco um objeto precioso, detalhando versos confessionais em meio a guitarras rasgadas e sujas, como uma extensão natural do material testado no disco anterior.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.