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Críticas

Santigold

: "I Don't Want: The Gold Fire Sessions"

Ano: 2018

Selo: Downtown

Gênero: Dancehall, Hip-Hop, Pop

Para quem gosta de: Rihanna e M.I.A.

Ouça: Run the Road e I Don't Want

7.8
7.8

Resenha: “I Don’t Want: The Gold Fire Sessions”, Santigold

Ano: 2018

Selo: Downtown

Gênero: Dancehall, Hip-Hop, Pop

Para quem gosta de: Rihanna e M.I.A.

Ouça: Run the Road e I Don't Want

/ Por: Cleber Facchi 06/08/2018

Em 2008, quando apresentou ao público o primeiro álbum de estúdio da carreira — ainda sob o título Santogold —, Santi White acabou encontrando na criativa colagem de ritmos a base para o completo sustento do trabalho. Do indie rock à la The Strokes e Yeah Yeah Yeahs em Lights Out, passando pelo misto de punk e reggae em Say Aha, até alcançar o hip-hop/R&B de Shove it e My Superman, cada fragmento do disco parece apontar para uma direção diferente, reforçando a completa versatilidade da cantora e compositora nova-iorquina.

Dez anos após o lançamento do elogiado registro, White está de volta com I Don’t Want: The Gold Fire Sessions (2018, Downtown), trabalho que não apenas replica parte da sonoridade incorporada ao primeiro álbum de estúdio, como se permite provar de um mundo de novas possibilidades e ritmos. Pouco mais de 30 minutos em que a cantora e um time seleto de produtores – formado Dre Skull, Ricky Blaze, Diplo e King Henry –, vão de encontro à cultura africana e jamaicana, fazendo do registro uma obra guiada pela quentura das batidas e vozes.

Faixa de abertura do disco Coo Coo Coo cresce como perfeita síntese do trabalho. Entre sintetizadores e batidas tropicais, White delicadamente confessa os próprios sentimentos: “Eu só quero um amor verdadeiro, como na TV / Ninguém nunca realmente olha para mim / Todos eles me comem com os olhos o dia todo, estão mantendo a pontuação / Mas se você me ama, te digo, te amarei demais“. Um pop leve, quente e feito para grudar logo em uma primeira audição, cuidado que se reflete em grande parte do disco, principalmente em Run the Road.

Escolhida como primeiro single do disco, a canção preserva a essência do presente álbum, porém, a todo instante parece apontar para os antigos trabalhos de White. Do uso das batidas ao refinamento das vozes, difícil não pensar na faixa como uma extensão do material entregue em Master of My Make-Believe (2012). Essa mesma relação entre passado e presente ecoa com naturalidade em I Don’t Want, quarta faixa do disco. Um pop melancólico, ainda que abrasivo, efeito da rica base instrumental e inserções eletrônicas que se espalham entre as brechas da canção.

A mesma pluralidade rítmica ecoa de forma expressiva em Valley of the Dolls. Cercada de colaboradores, incluindo o parceiro de longa data, Diplo, a canção parece maior a cada nova audição, revelando um universo de pequenos detalhes que acabam servindo de alicerce para a voz da cantora. Colaboração com a jamaicana Shenseea, Don’t Blame Me é outra que encanta pelo uso de pequenas variações instrumentais, tocando de leve o mesmo dancehall com pitadas de hip-hop explorado por Rihanna em ANTI (2016).

Concebido durante a gravidez de Santigold e entregue ao público de surpresa, sem grandes anúncios, I Don’t Want: The Gold Fire Sessions parece capturar a atenção do ouvinte com facilidade. Fuga declarada de possíveis excessos, vide o antecessor 99¢ (2016), cada canção do presente disco se transforma em um objeto de destaque, fazendo dos sentimentos, confissões românticas e pequenas desilusões o componente central para o fortalecimento da obra. Versos sempre sensíveis, por vezes intimistas, porém, adornados pela força das batidas e diferentes estilos musicais.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.