Image
Críticas

Chastity Belt

: "I Used To Spend So Much Time Alone"

Ano: 2017

Selo: Hardly Art

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Hinds e Speedy Ortiz

Ouça: Different Now e Caught In a Lie

7.7
7.7

Resenha: ” I Used To Spend So Much Time Alone”, Chastity Belt

Ano: 2017

Selo: Hardly Art

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Hinds e Speedy Ortiz

Ouça: Different Now e Caught In a Lie

/ Por: Cleber Facchi 18/07/2017

uem acompanha o trabalho do Chastity Belt desde o primeiro álbum de estúdio, o caseiro No Regerts (2013), sabe da capacidade do quarteto formado por Julia Shapiro (voz, guitarra), Lydia Lund (guitarra), Annie Truscott (baixo) e Gretchen Grimm (bateria) em produzir boas composições marcadas pela crueza das guitarras. Um cuidado que se repete no segundo registro de inéditas da banda, Time to Go Home (2015), mas que acaba alcançando melhor resultado em I Used To Spend So Much Time Alone (2017, Hardly Art).

Desenvolvido de forma a revelar e valorizar cada instrumento ao longo do trabalho, o registro de 13 faixas sintetiza na inaugural Different Now parte do conceito desenvolvido durante toda a execução da obra. Entre guitarras climáticas de Lund, a voz melancólica de Shapiro detalha uma poesia sensível e atormentada por uma série de conflitos pessoais. “Você encontrará no tempo / Todas as respostas que procura / Estão sentadas lá, apenas esperando para que sejam vistas“, canta de forma a reproduzir uma amarga reflexão sobre o tempo e as mudanças.

O mesmo cuidado acaba se refletindo em cada fragmento do trabalho. Livre da poesia e temática jovial que parecia orientar o último álbum de inéditas das banda, Time to Go Home, cada instante de I Used To Spend So Much Time Alone encanta pela força dos sentimentos e densidade dos arranjos. Um delicado exercício criativo que aproxima o quarteto norte-americano do trabalho produzido por veteranas como Kim Gordon no Sonic Youth ou mesmo PJ Harvey em carreira solo.

Esperar em vão / Esses sentimentos vêm e vão / Como faço para sair daqui?“, questiona a vocalista da banda em This Time of Night, uma perfeita representação dos sentimentos que perturbam qualquer indivíduo solitário durante à noite. A mesma angústia acaba se repetindo em Caught In a Lie, segunda composição do disco. “Você está preso em uma mentira / Viver o sonho de outra pessoa / Ninguém leva você a sério“, canta Shapiro em uma espécie de dolorosa carta musicada.

Em 5am, décima faixa do disco, a melancolia inicial se converte em raiva. “Não posso me dar ao luxo de não me enganar / São 5 a manhã e estou cheia de ódio / Sinto as ondas no meu cérebro / Dizendo coisas que não devo dizer“, confessa Shapiro. Sufocada pelos arranjos acústicos e vozes brandas, What the Hell esbarra no mesmo conceito. “Eu tive muitos pensamentos hoje / Eu me senti bem / Posso me convencer de qualquer coisa / Então, que diabos“, cresce o eu lírico da delicada composição.

Maduro quando observado em proximidade aos dois últimos trabalhos da banda, I Used To Spend So Much Time Alone transforma sentimentos no principal componente para a formação da obra. Do momento em que tem início Different Now, passando pela construção de faixas como This Time of Night e What the Hell, cada segundo no interior do álbum estabelece um curioso diálogo entre banda e ouvinte, como se diferentes histórias fossem cuidadosamente compartilhadas e absorvidas.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.