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Críticas

Partner

: "In Search Of Lost Time"

Ano: 2017

Selo: You’ve Changed Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Speedy Ortiz e Charly Bliss

Ouça: Everybody Knows e Play The Field

7.7
7.7

Resenha: “In Search Of Lost Time”, Partner

Ano: 2017

Selo: You’ve Changed Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Speedy Ortiz e Charly Bliss

Ouça: Everybody Knows e Play The Field

/ Por: Cleber Facchi 15/09/2017

O bom humor talvez seja a principal marca do som produzido pela dupla canadense Partner. Prova disso está nas canções do primeiro álbum de estúdio da banda formada por Josée Caron e Lucy Niles, o recém-lançado In Search Of Lost Time (2017, You’ve Changed Records). Como indica o título da obra, um registro influenciado pela música dos anos 1990 – Weezer, Nirvana e Liz Phair –, porém, completo pela poesia cômica que cresce em cada uma das canções do disco.

Todo mundo sabe que você está chapado“, explode o refrão da inaugural Everybody Knows, música que trata com bom humor a tentativa de disfarçar os abusos com drogas típicos da vida adulta. Uma letra acessível, naturalmente íntima de tudo aquilo que Rivers Cuomo produziu no início dos anos 1990 durante o lançamento dos elogiados Blue Album (1994) e Pinkerton (1996). Um divertido diálogo com o passado que cresce de forma enérgica durante toda a execução do trabalho.

Em Sex Object, nona composição do disco, a mesma poesia jocosa e ritmo acelerado. Trata-se do simples ato de invadir o quarto do colega de apartamento e se deparar com uma série de brinquedos eróticos. Versos tratados com profunda leveza, feitos para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, como uma lenta desconstrução da poesia erótica e confissões ardentes assinadas por veteranas como PJ Harvey (no clássico Dry) e Liz Phair (em Exile in Guyville) há mais de duas décadas.

Com a dupla oficialmente apresentada ao público durante o lançamento do single The “Ellen” Page, música que questiona a visão preconceituosa das pessoas sobre as lésbicas, In Search Of Lost Time a todo momento levanta a bandeira LGBTTT, ampliando o universo criativo em torno da obra. Composições marcadas pelo jogo honesto das palavras, vide Woman of Dreams, ou mesmo metáforas, caso da grudenta Play The Field, faixa que soa como uma versão punk e enérgica do Tegan and Sara.

O melhor de tudo talvez seja perceber o completo domínio melódico da dupla durante toda a execução do trabalho. Ao mesmo tempo em que abraça diferentes aspectos do rock produzido nos anos 1990, nítido é o diálogo de Niles e Caron com o presente, explorando a busca por um som conceitualmente acessível, pop. Composições ensolaradas como Comfort Zone, Gross Secret e as já citadas Play The Field e Everybody Knows que ganham destaque a cada nova audição do álbum.

Costurado por uma série de vinhetas cômicas, diálogos típicos de uma sitcom e fragmentos extraídos do cotidiano da própria dupla, In Search Of Lost Time segue como uma obra particular, dinâmica e curiosa até o último segundo. Um convite a mergulhar nas experiências e temas que parecem movimentar o universo da banda canadense, garantia de um material bem-humorado, como uma evolução natural de tudo aquilo que Niles e Caron vem produzindo desde o início do projeto.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.