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Críticas

Wild Nothing

: "Indigo"

Ano: 2018

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: DIIV e Beach Fossils

Ouça: Letting Go e Partners in Motion

7.5
7.5

Resenha: “Indigo”, Wild Nothing

Ano: 2018

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: DIIV e Beach Fossils

Ouça: Letting Go e Partners in Motion

/ Por: Cleber Facchi 06/09/2018

Desde o início da carreira, quando deu vida ao som empoeirado de Gemini (2010), Jack Tatum sempre encontrou no rock dos anos 1980 a principal fonte criativa para os próprios registros autorais. Ecos de R.E.M, The Blue Nile e outros tantos projetos de destaque que surgiram no mesmo período. Composições de essência nostálgica que alcançam novo resultado em Indigo (2018, Captured Tracks), quarto e mais recente álbum de inéditas do Wild Nothing.

Inaugurado pelas guitarras e melodias ecoadas de Letting Go, um pop rock lisérgico que se espalha em meio a pequenas camadas de distorção, Indigo, diferente do antecessor Life of Pause (2016), preza pela uniformidade dos elementos, como se cada composição do disco servisse de passagem para a faixa seguinte. Arranjos e versos conceitualmente guiados pela mesma estrutura rítmica, conceito percebido com naturalidade até a faixa de encerramento do disco, Bend.

Concebido em parceria com o produtor Jorge Elbrecht, colaborador de longa data de nomes como Ariel Pink e Frankie Rose, Indigo, assim como o material apresentado em Gemini, exige uma audição atenta por parte do ouvinte. São camadas instrumentais que se revelam aos poucos, como se Tatum, mais do que entregar ao público uma obra de efeito imediato, convidasse o ouvinte a se perder em um território de pequenas incertezas, manipulando informações.

Exemplo disso está em Partners In Motion. Com os dois pés nos anos 1980, a faixa de quase cinco minutos se espalha em meio a sintetizadores pontuais, guitarras carregadas de efeitos e vozes que se entrelaçam de forma ritmada, acompanhando a trilha instrumental deixada pelo multi-instrumentista. Um som delirante e detalhista, por vezes íntimo do mesmo universo criativo que Neon Indian explorou no último disco de inéditas, Vega Intl. Night School (2015).

Livre de possíveis excessos, interessante notar como Tatum trata cada composição do disco como um objeto de merecido destaque. Canções como Shallow Water, Canyon on Fire e The Closest Thing to Living, em que o músico norte-americano transforma os próprios sentimentos em música. Melodias e vozes perfeitamente alinhadas, como em Through Windows, composição que ganha destaque nas guitarras e no saxofone versátil que corre ao fundo dos versos.

Transformador, mesmo quando busca inspiração em clássicos da cena alternativa, Indigo mostra o completo domínio e contínuo amadurecimento de Jack Tatum em relação à própria obra. É como se o músico norte-americano remontasse em estúdio tudo aquilo que vem sendo produzido desde o primeiro álbum de inéditas do Wild Nothing, aprimorando fórmulas antigas de forma a revelar ao público um trabalho sutilmente guiado pela novidade.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.