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Críticas

Lindstrøm

: "It's Alright Between Us as It Is"

Ano: 2017

Selo: Smalltown Supersound

Gênero: Eletrônica, Space Disco

Para quem gosta de: Todd Terje e Classixx

Ouça: Shinin e But Isn't it

7.5
7.5

Resenha: “It’s Alright Between Us as It Is”, Lindstrøm

Ano: 2017

Selo: Smalltown Supersound

Gênero: Eletrônica, Space Disco

Para quem gosta de: Todd Terje e Classixx

Ouça: Shinin e But Isn't it

/ Por: Cleber Facchi 26/10/2017

Em meados de 2009, o norueguês Hans-Peter Lindstrøm entrou em estúdio para a gravação do colaborativo Real Life Is No Cool, trabalho que seria entregue ao público no ano seguinte e um encontro musical com a conterrânea Christabelle, artista responsável pela voz que atravessa as batidas e sintetizadores cósmicos do produtor. Dentro desse cenário marcado pelo ritmo dançante das canções, Lindstrøm não apenas se desvencilha do som atmosférico que marca o antecessor Where You Go I Go Too (2008), como abre passagem para um novo mundo de pequenas possibilidades.

Sucessor dos álbuns Six Cups Of Rebel e Smalhans, ambos lançados em 2012, It’s Alright Between Us as It Is (2017, Smalltown Supersound), quarto registro em carreira solo do produtor norueguês, talvez seja o trabalho que mais se aproxima do universo apresentado por Lindstrøm durante a construção de Real Life Is No Cool. Um experimento que carrega assinatura do artista, mas se abre para a breve interferência de um time seleto de vozes e colaboradoras femininas.

Primeira convidada a aparecer no disco, a sueca Frida Sundemo assume a responsabilidade de ocupar os versos da faixa But Isn’t It, fragmentos poéticos sussurrados com extrema delicadeza, completando as pequenas lacunas deixadas por Lindstrøm. Uma leveza que muito se assemelha à Italo Disco cristalina da cantora Sally Shapiro. Pouco mais de cinco minutos em que sintetizadores batidas e vozes transportam o ouvinte para um território mágico, criando uma ponte para o interlúdio que chega logo em sequência com Versatile Dreams.

Assinada em parceria com a norte-americana Grace Hall, Shinin nasce claramente como o ápice do disco. Ao mesmo tempo em que dialoga com as principais referências de Lindstrøm, mergulhando de cabeça na música House dos anos 1990, a voz forte de Hall garante novo enquadramento ao trabalho, arrastando o ouvinte para as pistas. Instantes em que o produtor norueguês sutilmente amplia o mesmo conceito explorado nas duas faixas de abertura do disco, Spire e Tensions.

Em Bungl (Like a Ghost), oitava composição do disco, uma fuga de tudo aquilo que orienta o trabalho de Lindstrøm desde a inaugural faixa-título. Produzida em parceria com Jenny Hval, a canção de exatos sete minutos nasce como uma espécie de remix torto do último álbum de inéditas da cantora norueguesa, o elogiado Blood Bitch (2016). Da voz desconexa, abafada, passando pelo uso de batidas quebradas e ambientações climáticas, a dupla não apenas se distancia de um possível ambiente dançante, como joga com a produção de um som marcado pelo experimento.

Pontuado pela inserção de composições assinadas individualmente por Lindstrøm, caso da extensa Under Tress, com quase nove minutos de duração, It’s Alright Between Us as It Is acaba se revelando como um dos trabalhos mais acessíveis de toda a discografia do produtor norueguês. Um verdadeiro flerte com o pop. Em um misto de euforia e leveza, cada composição explorada ao longo do disco parece transportar o ouvinte para um novo cenário, porém, preservando uma fina linha instrumental que garante homogeneidade à obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.