Resenha: “Jessica Rabbit”, Sleigh Bells

/ Por: Cleber Facchi 18/11/2016

Artista: Sleigh Bells
Gênero: Noise Pop, Alternativo, Rock
Acesse: https://www.facebook.com/sleighbells

 

O pop sempre fez parte do som produzido por Alexis Krauss e Derek E. Miller para o Sleigh Bells, porém, nunca de forma tão explícita (e talvez exagerada) quanto nas canções de Bitter Rivals. Terceiro álbum de inéditas da dupla nova-iorquina, o registro lançado em outubro de 2013 soa como o início de uma nova fase dentro da curta trajetória da banda. Uma fuga do conceito inicialmente testado em Treats (2010) e Reign of Terror (2012) e a base do recente Jessica Rabbit (2016, Torn Clean).

Menos “pegajoso” em relação ao trabalho lançado há três anos, o novo álbum traz de volta a fúria da dupla norte-americana. Guitarras e batidas firmes que se espalham em meio a bases melódicas, transformação explícita em cada uma das 14 composições que ocupam o intervalo de apenas 40 minutos do disco. Da abertura ao fechamento da obra, um registro essencialmente seguro, fruto da intensa colaboração entre as duas mentes da banda.

Dividido em dois grupos de composições, Jessica Rabbit concentra na primeira porção do álbum os instantes de maior explosão orquestrados pela dupla. Um bom exemplo disso está na própria faixa de abertura do trabalho, It’s Just Us Now, música que soa como um improvável encontro entre Taylor Swift e os integrantes do Metallica em estúdio. Um jogo de vozes, batidas e ruídos ensurdecedores que replica o mesmo peso de músicas como Comeback Kid e Infinity Guitars.

A mesma energia se revela ainda em I Can’t Stand You Anymore, música que mais se distancia do Noise Pop originalmente produzido pela dupla, aproximando o álbum da mesma atmosfera que marca os primeiros trabalhos do No Doubt. Em I Can Only Stare, sétima faixa do disco, versos essencialmente dramáticos se completam em meio a temas eletrônicos e ruídos, um estímulo para a ambientação caótica que detalha Throw Me Down The Stairs, composição que chega logo em sequência.

Em Unlimited Dark Paths, a passagem para o segundo ato do registro. Com as guitarras de Miller em segundo plano, o destaque acaba ficando por conta da programação eletrônica e voz versátil de Krauss. Instantes em que a vocalista flerta com R&B, brinca com a música pop de forma esquizofrênica e ainda transporta o ouvinte para diferentes cenários. Fragmentos que se agrupam de forma a revelar canções raras dentro da curta discografia da banda, caso da delicada I Know Not To Count On You.

Pianos, arranjos acústicos, samples e ritmos que naturalmente distanciam o Sleigh Bells de um caminho óbvio. Na dobradinha formada por Baptism By Fire e Hyper Dark, a força criativa que move o trabalho da dupla. Composições que sintetizam grande parte do material produzido por Krauss e Miller nos últimos seis anos e, ao mesmo tempo, acabam servindo de passagem para um mundo de novas possibilidades e experimentos dentro de estúdio.

 

Jessica Rabbit (2016, Torn Clean)

Nota: 7.5
Para quem gosta de:
Ouça: It’s Just Us Now, Hyper Dark e I Can Only Stare

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.