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Críticas

Kafé

: "Kafé"

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: R&B, Pop

Para quem gosta de: Silva, Sants e Flora Matos

Ouça: Nós 3, Confiar e 360

7.7
7.7

Resenha: “Kafé”, Kafé

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: R&B, Pop

Para quem gosta de: Silva, Sants e Flora Matos

Ouça: Nós 3, Confiar e 360

/ Por: Cleber Facchi 18/09/2017

Romântico, Kafé passou os últimos dois anos confessando os próprios sentimentos, conflitos e desilusões amorosas em uma série de composições essencialmente sensíveis, estímulo natural para o fortalecimento da identidade poética do cantor e compositor baiano. Versos tratados com extrema delicadeza e profunda honestidade pelo jovem artista, cuidado que volta a se repetir em cada uma das canções (parte expressiva delas já conhecidas) que marcam o primeiro álbum de estúdio do músico.

Entregue ao público em pequenas doses, o registro que vem sendo produzido desde 2015 emana forte proximidade e relação entre as faixas. Da abertura do disco, em 360 (“Se eu te ver de novo, nega / Não vou te deixar passar / Sempre onde eu tô / Você também quer estar“), até a semi-acústica Valeu a Pena (“Uma conversa pode acabar, com os nossos problemas / Mais o medo pode acabar, com os nossos sonhos“), faixa de encerramento da obra, Kafé encontra no uso de pequenas confissões românticas o principal combustível para o crescimento do trabalho.

A mesma sensibilidade acaba se repetindo na quarta faixa do disco, a já conhecida Nós 3. “Tudo que a gente pode ser / Ainda temos tempo / Bem distantes do fim / Trago você perto de mim“, canta o músico baiano. Um interpretação dos encontros e desencontros de qualquer casal, conceito que orienta grande parte do trabalho, vide a pegajosa Calma (“Eu decidi ser sua crise, roubar sua certeza / Invadir seu pensamento, prender o seu ar / A sua voz me mata, não posso resistir / Sei que sente falta quando eu não tô aqui“), música que lembra a boa fase de The Weeknd.

Feito para grudar logo em uma primeira audição, o autointitulado registro de estreia de Kafé se espalha em meio a versos sempre acessíveis, próximos do ouvinte. Um bom exemplo disso está na dobradinha formada por Confiar (“Só não para / Seja como for seja você mesmo, não para / E repara que existe uma energia no ar“) e Quando Chegar (“Quando chegar, traga todo amor com você / Pra colorir o céu inteiro junto comigo“), músicas que parecem dialogar com o mesmo pop/R&B norte-americano, porém, preservando a identidade do artista baiano.

Parte dessa forte similaridade com uma série de projetos estrangeiros sobrevive na fina tapeçaria instrumental que cobre toda a superfície do álbum. Difícil não lembrar de Drake (360), Justin Bieber (Confiar), The Weeknd (Calma) e tantos outros nomes de destaque da música norte-americana. Um cuidado que começa na poesia minuciosa e passa pela produção atenta de nomes como Sants, Hugo Macedo, J.I.M., Deryck Cabrera e todo o time de colaboradores que cercam o músico durante toda a execução do trabalho.

Mais do que um simples registro de apresentação, a estreia de Kafé nasce de forma decidida, como uma verdadeira confirmação do som produzido pelo cantor e compositor baiano. Trata-se de uma obra claramente cravejada de hits e versos consumidos pelos sentimentos, cuidado que se reflete em cada fragmento de voz, batida ou base instrumental que cerca o canto melódico do artista, como se o material que vem sendo produzido desde os primeiros singles/EPs do artista alcançasse um estágio de maior refinamento.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.