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Críticas

Sleigh Bells

: "Kid Kruschev"

Ano: 2017

Selo: Torn Clean

Gênero: Rock Alternativo, Noise Pop

Para quem gosta de: St. Vincent e Phantogram

Ouça: Favorite Transgressions e Rainmaker

7.0
7.0

Resenha: “Kid Kruschev”, Sleigh Bells

Ano: 2017

Selo: Torn Clean

Gênero: Rock Alternativo, Noise Pop

Para quem gosta de: St. Vincent e Phantogram

Ouça: Favorite Transgressions e Rainmaker

/ Por: Cleber Facchi 14/11/2017

Com o lançamento de Jessica Rabbit (2016), Alexis Krauss e o parceiro Derek E. Miller conseguiram equilibrar a relação entre o som caótico que marca os inaugurais Treats (2010) e Reign of Terror (2012), e o pop raivoso que tomou conta do terceiro álbum de inéditas da dupla como Sleigh Bells, Bitter Rivals (2013). Uma obra calcada no propositado contraste entre a limpidez dos vocais e a forte distorção das guitarras, estrutura que se repete de forma curiosa e ainda mais acessível no mini-álbum Kid Kruschev (2017, Torn Clean).

Em uma estrutura crescente, o trabalho chega até o público em pequenas doses, conceito evidente logo na inaugural Blue Trash Mattress Fire, música que se espalha em meio a arranjos minimalistas e vozes abafadas, mas que explode nos instantes finais. Um som que vai da serenidade ao caos em poucos minutos, criando uma ponte para o material que chega logo em sequência com Favorite Transgressions, composição que joga com o uso de temas eletrônicos, resgatando uma série de elementos originalmente testados durante a produção de Reign of Terror.

A mesma atmosfera eletrônica volta a se repetir durante a montagem de Rainmaker, terceira faixa do disco. Entre batidas e ambientações sintéticas, a voz de Krauss vai de encontro a uma massa de sons que parece flutuar entre o rock industrial do Nine Inch Nails e o som denso do Portishead. Um curioso exercício que resume a versatilidade da banda dentro de estúdio, conceito ampliado nas camadas instrumentais que dão vida à rica Panic Drills, música que parece resgatada do último disco da dupla norte-americana.

Em Show Me The Door, a passagem para o lado mais pop e melancólico do disco. Trata-se de uma canção que transforma os sentimentos e confissões de Krauss no principal componente criativo da faixa, elemento que ainda serve de alicerce para a base cíclica, por vezes sufocante, espalhada ao fundo da canção. Um misto de rock, R&B e Hip-Hop, preferência evidente na forma como sintetizadores e temas eletrônicos ganham destaque ao longo da canção, deixando as guitarras de Miller em segundo plano.

Na curtinha Florida Thunderstorm, uma verdadeira raridade dentro da discografia da banda. Trata-se de uma faixa acústica, como uma fuga de todo o conjunto de pequenos excessos que orientam o trabalho da dupla desde o primeiro álbum de inéditas. Versos que passeiam em meio a arranjos contidos, ruídos etéreos e o cricrilar dos grilos. Um som doce, ainda que doloroso, posteriormente completo pelas ambientações contidas de All Saints, faixa de encerramento do disco e composição escolhida pelo casal para anunciar o registro há poucas semanas.

Sensível, raivoso, torto e ainda contido, Kid Kruschev nasce como um complemento direto ao material produzido pela dupla no último ano. Mais do que um mero registro de sobras de Jessica Rabbit, cada composição indica o esforço da dupla em se reinventar dentro de estúdio. Do uso de colagens eletrônicas em Favorite Transgressions e Rainmaker, ao minimalismo acústico que cresce em Florida Thunderstorm, cada canção acaba servindo de estímulo para a construção de um novo e inusitado capítulo na discografia do Sleigh Bells.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.