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Críticas

MGMT

: "Little Dark Age"

Ano: 2018

Selo: Columbia

Gênero: Pop Psicodélico, Synthpop

Para quem gosta de: Foxygen e Unknown Mortal Orchestra

Ouça: Me and Michael e When You Die

7.6
7.6

Resenha: “Little Dark Age”, MGMT

Ano: 2018

Selo: Columbia

Gênero: Pop Psicodélico, Synthpop

Para quem gosta de: Foxygen e Unknown Mortal Orchestra

Ouça: Me and Michael e When You Die

/ Por: Cleber Facchi 12/02/2018

Sejamos honestos: o que fez do MGMT uma banda conhecida e querida do grande público não foram as referências anunciadas, pequenos experimentos e o pop esquizofrênico de Congratulations (2010), tampouco a completa ausência de sentido que marca o homônimo disco apresentado em 2013. Foram os hits. Composições como Time To Pretend, Kids, Electric Feel e todo o repertório produzido por Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser para o bem-sucedido debute da banda nova-iorquina, Oracular Spectacular (2007).

Curioso perceber em Little Dark Age (2018, Columbia), quarto e mais recente álbum de estúdio da dupla, uma obra que mesmo esquiva de possíveis hits, hipnotiza e agrada velhos seguidores. Trata-se de um disco claramente equilibrado em relação aos dois últimos registros de inéditas da MGMT, mudança de postura que em nenhum momento sufoca a identidade criativa da banda, ainda imersa em delírios psicodélico e diálogos nonsenses com o passado.

Desafiador quando exige ser, vide a completa desconstrução instrumental em One Thing Left to Try, porém, acessível quando carece de músicas enérgicas e íntimas do público médio, como em When You Die, composição que parece pensada para as apresentações ao vivo da banda, Little Dark Age mostra o completo amadurecimento da dupla nova-iorquina. Do momento em que tem início, no synth-pop-psicodélico de She Works Out Too Much, faixa que soa como um encontro entre Ariel Pink e David Bowie em It’s No Game (Part 1), o quarto álbum do MGMT lentamente se revela como uma rica viagem poética/instrumental.

Enquanto o álbum anterior parecia se afastar do ouvinte tamanho hermetismo das canções, em Little Dark Age, o público é convidado a se conectar aos temas psicodélicos e fragmentos sutilmente detalhados pela dupla. São canções marcadas por versos existencialistas, referências literárias, romances fracassados e relações pessoais que se espalham de forma colorida durante toda a execução do trabalho. Mesmo nos instantes mais particulares da banda, como no pop oitentista de Me and Michael, difícil não se deixar conduzir pelo som do MGMT.

Sem necessariamente dialogar com um período/conceito específico, Goldwasser e VanWyngarden vão do pop melódico dos anos 1950 e 1960, como na derradeira Hand It Over, provam de estruturas sintéticas, em She Works Out Too Much e Me and Michael, e ainda convertem toda a estranheza dos dois últimos trabalhos na matéria-prima de músicas como Days That Got Away e TSLAMP. Um contínuo desvendar de novas sonoridades, como uma criativa desconstrução do som originalmente testado nas canções de Oracular Spectacular.

Produzido em colaboração com o experiente Dave Fridmann (Mercury Rev,The Flaming Lips), parceiro de longa data da banda, além de contar com a presença do músico Patrick Wimberly (ex-Chairlift), Little Dark Age não apenas se revela como o melhor trabalho do MGMT desde a estreia com Oracular Spectacular, como reflete o explícito amadurecimento da dupla nova-iorquina. É como se VanWyngarden e Goldwasser planejassem cada movimento dentro do registro, conduzindo o ouvinte em meio a um universo de sonhos, desilusões, delírios e versos mágicos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.