Resenha: “Live From Trona”, Toro Y Moi

/ Por: Cleber Facchi 12/08/2016

Artista: Toro Y Moi
Gênero: Alternative, Electronic, Psychedelic
Acesse: http://toroymoi.com/  

 

Poucos artistas tiveram um amadurecimento tão grande nos últimos anos quanto Chazwick Bundick. Oficialmente apresentado ao público durante o lançamento de Causers of This (2010), primeiro registro do Toro Y Moi em um selo de médio porte, o cantor, produtor e multi-instrumentista norte-americano fez de obras como Underneath the Pine (2011) e Anything in Return (2013) dois importantes registros para a nova geração do Funk/R&B estadunidense, abocanhando uma parcela ainda maior do público com a chegada do comercial What For?, trabalho apresentado ao público em abril do último ano.

Depois de uma sequência de grandes obras — incluindo as compilações June 2009 (2012) e Samantha (2015), além da série de EPs e do trabalho como Les Sins, Michael (2014) —, Bundick organiza a própria discografia e sintetiza parte das canções produzidas nesse intervalo dentro do especial Live From Trona (2016, Carpark records). Um registro ao vivo, gravado durante uma apresentação do músico nos Pináculos De Trona, no meio do deserto californiano.

Claramente inspirado no clássico Pink Floyd: Live at Pompeii, de 1973, e até em projetos recentes, como o especial Forever Still, do Beach House, gravado em um ambiente similar, o trabalho que contou com a direção Harry Israelson mostra a relação de proximidade entre Bundick e os companheiros de banda. Livre da presença do público, o coletivo se concentra na coesa execução dos arranjos e vozes, deixando para as imagens de Israelson a ativa interferência da própria equipe de filmagem, visível durante toda a execução da performance.

Por conta da ausência do público e da explícita limpidez das captações, Live From Trona é um trabalho que se distancia de outros registros gravados ao vivo, dependendo (e muito) do apoio das imagens. Qual o sentido de apreciar a obra e não observar o duelo entre os integrantes da banda e o cenário desértico que os cerca? Durante toda a apresentação, Israelson se concentra em mostrar a passagem do tempo, revelando a atuação do grupo em um cenário que vai do ensolarado início de tarde ao anoitecer.

Repleto de faixas recentes, como What You Want, Buffalo e Half Dome, todas do álbum de 2015, o destaque acaba ficando por conta da completa reformulação de uma série de composiçnoes antigas da banda. É o caso da crescente Grow Up Calls, música originalmente gravada no disco Anything in Return, de 2013, e um rico alicerce para o novo acabamento de Say That, uma das composições mais acessíveis (e dançantes) de toda a discografia do músico norte-americano.

Entre canções inéditas, caso da psicodélica JBS, Live From Trona acaba pecando pelo repertório demasiado restrito. Mesmo pensado como um fragmento da última turnê do Toro Y Moi, naturalmente centrada em músicas  do álbum What For?, diversos são os momentos em que Bundick e o time de colaboradores poderiam resgatar canções de peso como New Beat (do álbum Anything in Return), Saturday Love (presente no EP Freaking Out) e Talamak (parte do debut Causers of This). Pequenos tropeços de uma obra que visualmente encanta com facilidade.

 

Live From Trona (2016, Carpark Records)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Tame Impala, Neon Indian e Washed Out
Ouça: Grow Up Calls, Say That e Still Sound

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.