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Críticas

CHVRCHES

: "Love Is Dead"

Ano: 2018

Selo: Glassnote

Gênero: Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Charli XCX e Grimes

Ouça: Grafitti, Get Out e Never Say Die

6.0
6.0

Resenha: “Love is Dead”, CHVRCHES

Ano: 2018

Selo: Glassnote

Gênero: Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Charli XCX e Grimes

Ouça: Grafitti, Get Out e Never Say Die

/ Por: Cleber Facchi 01/06/2018

Quem há tempos acompanha o trabalho do CHVRCHES sabe do completo interesse do trio britânico em explorar uma sonoridade cada vez mais acessível, pop e íntima do grande público. Não por acaso, desde a estreia da banda, com The Bones of What You Believe (2013), os produtores Iain Cook e Martin Doherty vem se aprimorando na composição de faixas essencialmente melódicas, alicerce criativo para a poesia confessional e melancólica assinada pela cantora e compositora Lauren Mayberry, personagem central do projeto.

Terceiro e mais recente álbum de inéditas na carreira do grupo, Love Is Dead (2018, Glassnote) talvez seja o trabalho em que esse claro desejo do trio em abraçar uma nova parcela do público se projeta com maior naturalidade. Do momento em que tem início, em Grafitti, cada fragmento do disco parece pensado para grudar na cabeça do ouvinte, como se os membros da banda soubessem exatamente como explorar cada elemento instrumental e poético do disco.

São versos cíclicos que se repetem de forma ritmada, como em Get Out (“Saia, saia / Saia, saia, saia / Saia, saia daqui“), diálogos curiosos com o som dos anos 1980, vide a detalhista Never Say Die, música que poderia facilmente ser encontrada em algum disco do Tears for Fears ou Erasure, além de faixas em que o trio estreita a relação com diferentes nomes pop atual. Difícil não lembrar de contemporâneos como Tegan and Sara ou Paramore ao esbarrar nos sintetizadores e vozes crescentes da já citada faixa de abertura.

O problema é que nessa tentativa de explorar um som declaradamente comercial, Mayberry e os parceiros de banda acabam se despindo da própria identidade criativa. Exemplo disso está na estranha composição de Miracle, sétima faixa do disco. Concebida em meio a batidas grandiosas, sintetizadores e vozes carregadas de efeito, a canção soa muito mais como uma tentativa do CHVRCHES em emular a obra do Imagine Dragons e OneRepublic do que explorar um som autoral.

O excesso de faixas descartáveis ou que parecem recicladas dos antigos trabalhos da banda se revela como outro grave problema de Love Is Dead. São músicas como Heaven/Hell e God’s Plan em que o trio pouco se distancia do material apresentado no trabalho anterior, Every Open Eye (2015). Mesmo My Enemy, composição que se abre para o encontro com Matt Berninger, vocalista do The National, acaba passando despercebida, como uma canção menor, efeito da morosidade dos arranjos e versos pouco atrativos.

Claramente orquestrado pelo produtor Greg Kurtis, artista premiado pela colaboração com Adele, Sia e Kelly Clarkson, Love is Dead preserva a essência do trio britânico, porém, lentamente se perde em meio a repetições e estruturas melódicas que poderiam facilmente ser encontradas no trabalho de qualquer outro artista. Um passo firme em direção a uma nova fase na carreira da banda, mas que não deixa de parecer um retrocesso quando voltamos os ouvidos para tudo aquilo que o CHVRCHES vem produzindo desde o primeiro álbum de estúdio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.