Resenha: “Love You to Death”, Tegan and Sara

/ Por: Cleber Facchi 17/06/2016

Artista: Tegan and Sara
Gênero: Indie Pop, Synthpop, Pop
Acesse: http://teganandsara.com/

 

Em 2013, com o lançamento de Heartthrob, as irmãs Tegan e Sara Quin assumiram de vez a busca por um som cada vez mais pop, dançante e íntimo das experiências musicais testadas ao longo de toda a década de 1980. Entre faixas como Closer e I Was a Fool, a explícita desconstrução do material intimista incorporado nos iniciais If It Was You (2002) e So Jealous (2004), conceito que se repete em cada uma das canções do recente Love You to Death (2016, Vapor / Warner Bros).

Oitavo álbum de estúdio da dupla canadense, o registro que conta com produção assinada pelo veterano Greg Kurstin (Lily Allen, Kelly Clarkson) faz de cada fragmento musical um componente pegajoso, acessível aos mais variados públicos. Da abertura do disco, em That Girl, passando por músicas como Stop Desire e Boyfriend – dois dos melhores exemplares da música pop em 2016 –, uma coleção de faixas capazes de “seduzir” em poucos instantes.

A principal diferença em relação ao material entregue há três anos está no completo refinamento dos versos e melodias que preenchem o disco. Ao mesmo tempo em que cada canção se projeta como um típico exemplar da música pop, arrastando o ouvinte para as pistas, Tegan e Sara Quin detalham um mundo de desilusões, medos e confissões sentimentais. Histórias que ultrapassam os limites da vida particular da dupla e acabam dialogando com os mais variados indivíduos.

Você me trata como seu namorado / E confiem em mim como seu melhor amigo / Mas eu não quero mais ser o seu segredo”, desabafa o eu lírico da grudenta Boyfriend, música que explora a tumultuada história de amor de um casal que se relaciona em segredo. Já em Dying To Know, quarta faixa do disco, a dolorosa reflexão de uma personagem que acaba iludida em meio a diversas tentativas de reatar com a ex – “Eu deixei um pouco de luz na escuridão / Causar um apagão dentro do meu coração”.

Em pontos específicos do disco, toda essa melancolia foge da proposta dançante que alimenta o disco e cai no isolamento que marca os primeiros álbuns da dupla. É o caso da dobradinha White Knuckles e 100X. Longe do som dançante que ocupa o primeiro ato do registro, são batidas lentas ou instantes de completo minimalismo instrumental que orientam a formação dos versos. Sussurros românticos, sempre atormentados, como se as duas composições fossem mergulhadas no mesmo universo sufocante de músicas como Fix You Up.

Por conta desse caráter versátil do disco, Love You to Death acaba se revelando como um dos trabalhos mais completos de toda a discografia da dupla canadense. Ao mesmo tempo em que segue a trilha romântica dos primeiros registros da dupla, detalhando versos apaixonados e dolorosas canções de amor, Tegan e Sara Quin delicadamente invertem a própria essência, transformando toda essa melancolia no principal componente para fazer o ouvinte dançar.

 

Love You to Death (2016, Vapor / Warner Bros.)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Metric, Kristin Kontrol e Ra Ra Riot
Ouça: Boyfriend, That Girl e 100x

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.