Críticas

Supervão

: "Lua Degradê"

Ano: 2016

Selo: Honey Bomb Records / Lezma Records

Gênero: Indie, Dream Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Terno Rei, Séculos Apaixonados

Ouça: Vitória Pós-Humana, Degradê

8.2
8.2

Resenha: “Lua Degradê”, Supervão

Ano: 2016

Selo: Honey Bomb Records / Lezma Records

Gênero: Indie, Dream Pop, Eletrônica

Para quem gosta de: Terno Rei, Séculos Apaixonados

Ouça: Vitória Pós-Humana, Degradê

/ Por: Cleber Facchi 05/05/2016

 

Versos apaixonados que se dissolvem na voz abafada e sintetizadores cósmicos de Mario Arruda. Uma coleção de guitarras essencialmente sujas, por vezes climáticas, trabalho do músico Leonardo Serafini, responsável por ocupar as pequenas lacunas deixadas pela programação eletrônica do parceiro de banda. Em Lua Degradê (2016, Honey Bomb Records / Lezma Records), EP de estreia da dupla gaúcha Supervão, cada uma das cinco composições do registro sobrevivem da colisão de pequenos detalhes.

Inaugurado pelo som enevoado de Vitória Pós-Humana, o trabalho de apenas 20 minutos cresce sem pressa, em pequenas doses. São distorções leves que replicam os instantes iniciais de Is This It, da banda nova-iorquinos The Strokes, a letra ambientada em um cenário claramente particular, batidas e bases abafadas, como se todos os elementos da obra fossem organizados em um ambiente desvendado em essência apenas pela dupla.

Faixa mais “pop” do disco, Lua em Gêmeos, segunda canção do álbum, acaba se revelando como a peça mais curiosa e musicalmente versátil do curto acervo de canções. Enquanto as guitarras de Serafini se espalham lentamente, explorando o mesmo dream pop sóbrio de artistas como Terno Rei, Raça e outros coletivos próximos, batidas e vozes aceleram lentamente, revelando uma inusitada combinação de ritmos. Um funk soturno, claustrofóbico, oposto do material apresentado em sequência com Cadilac Ollodum.

Da forma como as vozes crescem delicadamente ao uso etéreo das guitarras, todos os elementos se organizam de forma a conduzir o mesmo som letárgico e provocante de gigantes como Portishead ou mesmo outros veteranos do Trip-Hop inglês. Versos arrastados, sussurros – “câmera de zoom, câmera de zoom” – e efeitos tecidos como leveza. Velha conhecida do público da banda, a canção apresentada no último ano surge retrabalhada de forma sutil, reforçando o peso das batidas.

Em O Imperdível Momento da Semana, quarta faixa do trabalho, um agregado torto de toda a base psicodélica que flutua no interior do disco. Enquanto os versos mais uma vez reforçam a temática existencialista que orienta as canções – “Várias histórias simuladas sem sair do lugar”–, guitarras, batidas e vozes mergulham em um colorido oceano de efeitos e distorções eletrônicas, um verdadeiro aquecimento para a derradeira Degradê.

Escolhida para fechar o disco, a canção de base eletrônica e guitarras que incorporam o espírito da década de 1980 explora mesmo som nostálgico de estrangeiros como Wild Nothing e Craft Spells. Um turbilhão de versos pegajosos e ruídos que dançam com estranheza na mente do ouvinte. Pouco mais de três minutos em que todos os elementos da canção se organizam de forma a garantir um fechamento festivo ao trabalho.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.