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Críticas

Mahmundi

: "Mahmundi"

Ano: 2016

Selo: StereoMono

Gênero: Synthpop, R&B, Pop

Para quem gosta de: Silva e Céu

Ouça: Azul e Calor do Amor

8.6
8.6

Resenha: “Mahmundi”, Mahmundi

Ano: 2016

Selo: StereoMono

Gênero: Synthpop, R&B, Pop

Para quem gosta de: Silva e Céu

Ouça: Azul e Calor do Amor

/ Por: Cleber Facchi 09/05/2016

Marcela Vale passou os últimos quatro anos colecionando hits. Do som empoeirado de Efeito das Cores, EP lançado em 2012, passando pelo R&B melancólico que cresce em Setembro, bem-sucedido registro de 2013, cada trabalho assinado pela cantora e compositora carioca parece estreitar a relação entre o pop nostálgico da década de 1980 e a som que marca o presente cenário. Uma colisão de ideias, melodias e vozes que acabou resultando em faixas como Calor do Amor e Sentimento – vencedora na categoria Nova Canção no Prêmio Multishow de 2014 –, base para a pequena “coletânea” que marca a homônima estreia da jovem artista.

Das dez composições entregues pela cantora, apenas cinco foram produzidas especialmente para o registro – que conta com distribuição pelo selo StereoMono, casa de artistas como Jaloo e Boogarins. Quase sempre, Calor do Amor e Desaguar, resgatadas de Efeito das Cores; Leve inicialmente apresentada no EP Setembro, enquanto Sentimento, faixa de encerramento do disco, foi originalmente lançada em 2014. Canções já conhecidas do público fiel da artista, porém, musicalmente reformuladas, íntimas da mesma ambientação límpida que orienta o restante do trabalho.

De essência melancólica, intimista, cada faixa cresce como um delicado exercício de exposição sentimental. “Quando tudo terminar enfim / Meu desejo transformado em saudade Te espero, te espero, te espero / Não vá”, desaba Mahmundi em Azul, uma síntese de toda a tristeza que corrompe a obra. Em Eterno Verão, primeiro single do trabalho, uma extensão “comercial” do mesmo tom confessional e amargo que rege o álbum. “E é tão fácil, tão mágico, se perder no coração”, canta Vale enquanto guitarras e sintetizadores dialogam com o mesmo som pegajoso de Guilherme Arantes.

Composição que mais se distancia do restante da trabalho, Meu Amor cria uma espécie de ponte inusitada para o R&B da década de 1990. “Meu amor por favor / A certeza vai habitar e a cabeça agradecer / Pela noite com você”, canta Mahmundi enquanto as batidas e sintetizadores crescem lentamente, revelando uma composição que poderia facilmente ocupar um espaço em qualquer trilha sonora de novela. Difícil não lembrar do trabalho produzido pela britânica Jessie Ware, influência confessa de Vale e um evidente alicerce em grande parte das canções que recheiam o disco.

No restante da obra, uma coleção de versos que tanto celebram o amor – “Esse é calor do amor / Como num sonho bom”–, como buscam conforto em relacionamentos – “Encontrar alguém pra amar e desaguar” –, e ainda sufocam pela saudade – “Se você não estiver / Pra quem vou cantar?”. Como revela logo na canção de abertura do álbum, Hit, a estreia de Mahmundi se projeta como uma colcha de retalhos sentimentais e declarações românticas. “No meu coração / Fiz um disco pra me lembrar você”, confessa a cantora, estabelecendo a temática que orienta o restante das faixas.

São pouco mais de 40 minutos em que a música de Mahmundi conforta, perturba, acolhe e dialoga com os sentimentos mais profundos de qualquer indivíduo – romântico ou não. Um verdadeiro catálogo de composições preciosas, como se cada faixa do disco servisse de base para a canção seguinte. Melodias e versos agridoces, acessíveis aos mais variados públicos, ponto de partida para o nascimento de uma das obras mais delicadas do pop nacional.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.