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Críticas

Django Django

: "Marble Skies"

Ano: 2018

Selo: Because Music / Ribbon Music

Gênero: Pop Psicodélico, Synthpop

Para quem gosta de: Temples e Yeasayer

Ouça: Tic Tac Toe e Surface To Air

7.0
7.0

Resenha: “Marble Skies”, Django Django

Ano: 2018

Selo: Because Music / Ribbon Music

Gênero: Pop Psicodélico, Synthpop

Para quem gosta de: Temples e Yeasayer

Ouça: Tic Tac Toe e Surface To Air

/ Por: Cleber Facchi 02/02/2018

Do pop psicodélico testado no primeiro álbum de estúdio para a construção de um som cada vez mais comercial, mas não menos inventivo e divertido. Em um intervalo de poucos anos, o quarteto londrino Django Django deixou de emular o trabalho de outros veteranos da cena local para se transformar em um dos projetos mais interessantes da recente safra inglesa, percepção reforçada em cada uma das dez faixas do terceiro e mais novo álbum de inéditas da banda, Marble Skies (2018, Because Music / Ribbon Music).

Como indicado logo na inaugural faixa-título, o objetivo da grupo formado por David Maclean, Vincent Neff, Jimmy Dixon e Tommy Grace continua sendo o de explorar o passado de forma inteligente. São colagens instrumentais que vão do pop psicodélico da década de 1960 ao synthpop dos anos 1980, como se The Beatles e o Talk Talk da fase The Colour of Spring (1986) compartilhassem ideias e preferências, base para a estrutura melódica de Surface to Air, parceria com o Self Esteem, novo projeto da cantora Rebecca Taylor (Slow Club).

Entre sintetizadores psicodélicos, Champagne, terceira faixa do disco, joga com esse mesmo cruzamento nostálgico. Décadas de referências amarradas em um mesmo ambiente criativo, proposta que acaba lembrando Tame Impala. Nada que se compare ao cuidado da banda em Tic Tac Toe, um pop rock crescente, feito para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, como uma perversão do art pop moroso do disco anterior do grupo, Born Under Saturn (2015). Um som explosivo, como uma fuga do blues-rock contido da faixa seguinte, Further.

Em Sundials, uma parcial fuga desse ambiente eufórico, como se o grupo britânico dialogasse com o MGMT nos instantes de maior leveza da banda. Um respiro breve que antecede a soma de temas eletrônicos e sintetizadores pulsantes em Beam Me Up, sétima faixa do álbum. Difícil não lembrar dos últimos discos do Wild Beasts, efeito da atmosfera soturna que marca a composição. Instantes de parcial recolhimento, como um salto leve para a sequência de faixas que abastecem os instantes finais do disco.

Para o encerramento de Marble Skies, o quarteto decidiu investir em não apenas uma, mas três composições de peso. A primeira delas, In Your Beat, uma faixa que preserva a essência psicodélica do grupo, porém, a todo instante prova de referências dançantes, conduzindo o ouvinte em uma espiral crescente. Interessante perceber na faixa seguinte, Real Gone, uma parcial fuga desse universo, como um resgate da lisergia eletrônica testada no primeiro álbum de estúdio da banda, lançado em 2012.

Último suspiro do disco, Fountais nasce como uma espécie de resumo da obra. Estão lá as ambientações psicodélicas, flertes com a obra de diferentes representantes da cena inglesa, além, claro, do esforço contínuo da banda em produzir um material essencialmente acessível. Um fechamento coeso para um trabalho que a todo momento busca se distanciar de possíveis riscos, porém, parece longe de sufocar em um ambiente de possíveis redundâncias.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.