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Críticas

St. Vincent

: "MassEducation"

Ano: 2018

Selo: Loma Vista

Gênero: Alternativa, Piano

Para quem gosta de: Sufjan Stevens e Perfume Genius

Ouça: Sugarboy, Los Ageless e Slow Disco

7.6
7.6

Resenha: “MassEducation”, St. Vincent

Ano: 2018

Selo: Loma Vista

Gênero: Alternativa, Piano

Para quem gosta de: Sufjan Stevens e Perfume Genius

Ouça: Sugarboy, Los Ageless e Slow Disco

/ Por: Cleber Facchi 23/10/2018

Com o lançamento de Strange Mercy, em 2011, Annie Erin Clark passou a investir na produção de obras cada vez mais grandiosas, intensas. Uma escalada conceitual que se reflete no peso das guitarras, batidas e vozes incorporadas ao homônimo álbum como St. Vincent, em 2014, e, principalmente, na composição volumosa que orienta parte expressiva das canções em Masseduction (2017). Fragmentos instrumentais e poéticos em que a artista norte-americana parece cada vez mais distante do material entregue nos iniciais Marry Me (2007) e Actor (2009).

Interessante perceber em MassEducation (2018, Loma Vista), obra em que reinterpreta as canções do álbum entregue no último ano, um parcial regresso ao mesmo refinamento melódico que embala os primeiros registros como St. Vincent. Concebido em parceria com Thomas Bartlett (Doveman), produtor e pianista que já trabalhou ao lado de Sufjan Stevens e The National, o registro de base acústica transporta de forma inteligente o trabalho de Clark para um novo território.

Onde antes brotavam guitarras sujas e sintetizadores carregados de efeitos, hoje borbulham pianos minimalistas, inserções minuciosas e pequenos respiros criativos onde a voz cristalina de Clark cresce desmedida. São movimentos precisos, sempre contidos, como se Bartlett buscasse a todo instante emocionar o ouvinte, efeito da poesia destacada que corre por entre as brechas do disco, confessando emoções (Savior) e provocando o ouvinte (Los Ageless).

Claro que essa propositada mudança de direção em nada interfere na produção de músicas grandiosas, por vezes íntimas do material entregue nos antigos trabalhos de St. Vincent. É o caso da nova versão para Sugarboy. Originalmente guiada pela força das batidas, sintetizadores cíclicos e vozes sampleadas, a faixa parece ainda maior na colaboração entre Clark e Bartlett. Perceba como o pianista transforma o próprio instrumento em um componente de caos, fazendo dos instantes finais da canção um exercício de pura entrega por parte da cantora.

Entre versões bem-sucedidas para músicas como Slow Disco, Savior e a própria Masseduction, curioso perceber na delicada New York um instante de breve desequilíbrio. Originalmente guiada pela inserção de temas orquestrais, vozes em coro e arranjos de corda, a faixa acaba soando de forma anêmica em sua nova composição. O mesmo sentimento de “vazio” pode ser percebido em Happy Birthday, Johnny, música que lembra um esboço cru do material entregue há poucos meses.

Produto final da série de desdobramentos que vem sendo explorados desde o lançamento da obra original — como remixes assinados pela dupla DJDS, Kelly Lee Owens e pela própria St. Vincente —, MassEducation mostra o esforço de Clark em ampliar criativamente os limites da própria obra. Da imagem de capa ao limitado time de colaboradores que contribuíram para a gravação do trabalho, todos os elementos se projetam de forma a revelar o mesmo caráter inventivo, porém, partindo de uma nova estrutura.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.