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Críticas

St. Vincent

: "Masseduction"

Ano: 2017

Selo: Loma Vista

Gênero: Rock Alternativo, Pop Rock

Para quem gosta de: Fiona Apple, Mitski e Perfume Genius

Ouça: Pills, New York e Los Ageless

8.5
8.5

Resenha: “Masseduction”, St. Vincent

Ano: 2017

Selo: Loma Vista

Gênero: Rock Alternativo, Pop Rock

Para quem gosta de: Fiona Apple, Mitski e Perfume Genius

Ouça: Pills, New York e Los Ageless

/ Por: Cleber Facchi 17/10/2017

Do pop de câmara e orquestrações contidas que marcam os inaugurais Marry Me (2007) e Actor (2009), para o rock raivoso, cru e explosivo de Strange Mercy (2011). Experimentações curiosas ao lado de David Byrne em Love This Giant (2012), flertes com a música eletrônica e a busca por novas possibilidades no autointitulado disco de 2014. Em um intervalo de apenas uma década, Annie Erin Clark não apenas amadureceu e cresceu musicalmente, como fez do St. Vincent, projeto em que atua desde o início dos anos 2000, um espaço aberto ao constante experimento e transformação.

Sexto álbum de inéditas e quinto em carreira solo, Masseduction (2017, Loma Vista) é onde todas essas experiências se encontram musicalmente. Trata-se do trabalho mais abrangente da artista. Um mundo aberto onde referências ao glam rock dos anos 1970 se encontram com elementos da música pop, passagens breves pela cena eletrônica, orquestrações e entalhes minuciosos que se conectam à poesia versátil de Clark, da abertura ao fechamento do disco, centrada em temas como sexo, drogas e depressão, como detalhado pela artista em uma série de entrevistas recentes.

Este disco é sobre poder, sedução em grande e em pequena escala. Sedução política ou a sedução sexual, a sedução de produtos químicos e drogas“, resumiu em entrevista à i-D Magazine. Não por acaso, Clark abraçou a estética/personagem de uma dominatrix no encarte do trabalho, jogando com os excessos em duas das principais faixas do disco, Pills (“Pílulas para acordar, pílulas para dormir / Pílulas, pílulas, pílulas todos os dias da semana“) e Los Ageless (“Como alguém pode ter e perder você?“), essa última, conceitualmente ampliada no colorido (e perturbador) clipe de Willo Perron.

Mesmo a base instrumental do disco parece brincar com esses pequenos desajustes e exageros. Em um intervalo de apenas 40 minutos, tempo de duração da obra, St. Vincent vai do minimalismo doloroso de Hang On Me, para a eletrônica suja da faixa-título, no melhor estilo David Bowie, passando pelo R&B em Savior e crescendo nas guitarras carregadas de efeitos de Fear The Future e Young Lover, composição que transporta grande parte do material apresentado no trabalho anterior para um novo território. Um mundo de pequenas experimentações que garantem novo fôlego à obra da musicista.

Parte expressiva dessa transformação vem do time seleto de novos colaboradores escalados pela artista para trabalhar na execução do álbum. São nomes como Kamasi Washington, responsável pelo saxofone em Pills, música que ainda conta com a voz de apoio de Jenny Lewis e da ex-namorada de Clark, a modelo/atriz Cara Delevingne. Surgem ainda artistas como o velho parceiro John Congleton, convidado a produzir três músicas do disco, além, claro, do produtor executivo da obra, Jack Antonoff, parceiro de St. Vincent em cada uma das 13 faixas do registro, replicando parte da atmosfera que marca o último projeto de Lorde, Melodrama (2017), ou mesmo do próprio trabalho sob o título de Bleachers, vide Gone Now (2017).

Grandioso lírica e musicalmente, Masseduction sutilmente afasta St. Vincent de uma obra reservada, exclusiva apenas do público e da cena alternativa, transportando a cantora e compositora estadunidense para um território conceitualmente íntimo da música pop. Ao mesmo tempo em que preserva a própria identidade, vide o rock melódico de New York, ou mesmo Happy Birthday, Johnny, faixa que se conecta diretamente com Prince Johnny, do disco passado, claro é o interesse da musicista em ampliar os próprios domínios, fazendo do presente álbum uma obra que abraça a novidade e cresce em cada composições.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.