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Críticas

Cornelius

: "Mellow Waves"

Ano: 2017

Selo: Warner Music Japan / Rostrum Records

Gênero: Rock Alternativo, Eletrônica

Para quem gosta de: Beck e Kassin

Ouça: In a Dream e Dear Future People

7.5
7.5

Resenha: “Mellow Waves”, Cornelius

Ano: 2017

Selo: Warner Music Japan / Rostrum Records

Gênero: Rock Alternativo, Eletrônica

Para quem gosta de: Beck e Kassin

Ouça: In a Dream e Dear Future People

/ Por: Cleber Facchi 26/07/2017

Confesso apaixonado pela produção brasileira, principalmente a Tropicália e a bossa nova, todas as transformações que movimentaram a música eletrônica nos anos 1970 e o pop melódico que surgiu no final da década de 1960, Keigo Oyamada passou grande parte dos anos 1990 e começo da década seguinte experimentando. Uma obra marcada pela riqueza dos arranjos e possibilidades dentro de estúdio, marca de cada um dos registros assinados pelo artista sob o título de Cornelius.

Primeiro registro de inéditas do músico em mais de uma década, Mellow Waves (2017, Warner Music Japan / Rostrum Records), o sucessor do ótimo Sensuous, lançado em 2006, traz de volta o mesmo cuidado de Oyamada na composição de cada fragmento poético e instrumental. Uma delicada colisão de ideias que flutua em meio a nuvens de sons eletroacústicos, como uma visita ao território desbravado pelo artista desde The First Question Award (1994).

Ora cantado em japonês, ora cantado em inglês, o trabalho de dez faixas parece seguir uma medida própria de tempo. Perceba como em grande parte do material, Oyamada se estende para além do término das canções, mergulhando na construção de ambientações eletrônicas sempre detalhistas ou mesmo solos de guitarra marcados pelo preciosismo do instrumentista. Um cuidado evidente na lenta construção de Dear Future Person ou mesmo na inaugural If You’re Here.

Melancólico, como grande parte da discografia de Cornelius, Mellow Waves segue em meio a arranjos contidos e versos quase sussurrados. Um som tímido, porém, marcado pelos detalhes. Um bom exemplo disso está na doce In A Dream. Quinta canção do disco, a faixa cresce em meio a sintetizadores matutinos, vozes brandas e guitarras cuidadosamente exploradas, detalhando uma passagem direta para o mesmo universo desbravado em obras como Fantasma (1997) e Point (2001).

Surgem ainda composições em que Oyamada se entrega ao uso de pequenos experimentos. É o caso da atmosférica Surfing On Mind Wave, Pt. 2. São pouco mais de cinco minutos em que o músico japonês costura arranjos orquestrais e melodias eletrônicas de forma essencialmente etérea. Em Helix / Spiral, uma típica canção de Cornelius. Vozes robóticas e sintetizadores que se espalham sem pressa, lembrando a curiosa adaptação do artista para o clássico Aquarela do Brasil.

Preciso, Mellow Waves parece seguir a trilha de outros trabalhos produzidos por Cornelius na última década, porém, costurando instantes de parcial novidade e contida transformação. Como grande parte da discografia do músico japonês, um registro que exige tempo até ser absorvido em essência, como se Oyamada ocultasse ao fundo de cada composição um universo de fragmentos minimalistas, referências e inspirações que o acompanham desde o início da carreira.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.