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Críticas

Washed Out

: "Mister Mellow"

Ano: 2017

Selo: Stones Throw

Gênero: Eletrônica, Dance

Para quem gosta de: Neon Indian e Toro Y Moi

Ouça: Hard To Say Goodbye e Get Lost

7.5
7.5

Resenha: “Mister Mellow”, Washed Out

Ano: 2017

Selo: Stones Throw

Gênero: Eletrônica, Dance

Para quem gosta de: Neon Indian e Toro Y Moi

Ouça: Hard To Say Goodbye e Get Lost

/ Por: Cleber Facchi 06/07/2017

Pense em tudo aquilo que vem sendo produzido por Ernest Greene desde o início do Washed Out, no fim da última década. Um caleidoscópio de cores e emanações tropicais que passa pela chillwave em Life of Leisure EP (2009), cresce nas melodias enevoadas do álbum Within Without (2011) e ainda prova de elementos do dub/reggae durante a construção do quente Paracosms (2013), trabalho mais acessível de cantor e produtor norte-americano.

Em Mister Mellow (2017, Stones Throw), terceiro álbum de estúdio e primeiro registro de inéditas depois de um intervalo de quase quatro anos, todos esses elementos acumulados pelo artista se (re)encontram de forma propositadamente torta, experimental. São fragmentos de vozes, emanações tropicais, flertes com o jazz, temas essencialmente dançantes. Uma mistura que dialoga diretamente com a colorida imagem de capa do registro.

Entregue ao público como um álbum visual, o trabalho que conta com a apresentação do humorista Kyle Mooney, um dos integrantes do Saturday Night Live, se espalha em meio a diferentes experimentos visuais, técnicas, estéticas e referências inusitadas. Para cada nova composição do disco, Greene contou com a presença de um diretor específico, garantindo ritmo e constante renovação ao projeto que conta com pouco mais de 30 minutos de duração.

A forte relação com as imagens em nenhum momento prejudica o rendimento da trabalho em se tratando da composição musical. Desenvolvido como uma obra única, Mister Mellow faz de cada faixa um estímulo para a canção seguinte. Do momento em que tem início, em Title Car, Greene sustenta no uso de melodias acalentadas, diálogos abafados e músicas que ultrapassam os próprios limites, fazendo do álbum um rico bloco de experiências instrumentais.

No isolamento de cada faixa, um registro ainda maior. Um bom exemplo disso está em Hard To Say Goodbye, música que incorpora elementos do jazz, passa pela disco music e ainda preserva a mesma atmosfera empoeirada dos primeiros trabalhos de Washed Out. Uma pluralidade de ideias que acaba se refletindo em músicas como Get Lost ou mesmo na completa psicodelia de Million Miles Away, faixa que esbarra na lisergia eletrônica do Tame Impala em Currents (2015).

Clara tentativa de Ernest Greene em se reinventar dentro e fora de estúdio, Mister Mellow preserva a essência musical do Washed Out, porém, acrescenta um fino toque de novidade. Entrecortado por pequenas vinhetas e vozes, o álbum de 12 faixas se espalha sem pressa, evitando possíveis excessos de forma a garantir ao público um trabalho delicado e dançante na mesma proporção, como um profundo amadurecimento do som que vem sendo explorado desde Life of Leisure.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.