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Críticas

Trevor Powers

: "Mulberry Violence"

Ano: 2018

Selo: Baby Halo

Gênero: Experimental, Indie, Eletrônica

Para quem gosta de: Tirzah e Gang Gang Dance

Ouça: Playwright e XTQ Idol

7.0
7.0

Resenha: “Mulberry Violence”, Trevor Powers

Ano: 2018

Selo: Baby Halo

Gênero: Experimental, Indie, Eletrônica

Para quem gosta de: Tirzah e Gang Gang Dance

Ouça: Playwright e XTQ Idol

/ Por: Cleber Facchi 31/08/2018

Em um intervalo de apenas cinco anos, Travor Powers fez do Youth Lagoon um dos projetos mais relevantes e sensíveis da cena alternativa dos Estados Unidos. Da completa leveza que embala as canções de The Year of Hibernation (2011), passando pelo som delirante de Wondrous Bughouse (2013), até alcançar a poesia angustiada de Savage Hills Ballroom (2015), cada registro entregue pelo músico norte-americano parecia transportar o ouvinte para um novo universo criativo.

Primeiro trabalho de Powers lançado sob o próprio título — em fevereiro de 2016, o músico anunciou o fim das atividades do Youth Lagoon —, Mulberry Violence (2018, Baby Halo) nasce como uma soma de todas essas experiências sonoras, poéticas e, principalmente, emocionais que vem sendo acumuladas pelo artista nos últimos anos. Trata-se de uma obra essencialmente torta, como se o ouvinte fosse convidado a se perder em um universo de preferências sempre instáveis.
Sem necessariamente se apegar a um gênero específico, Powers parece brincar com as ideias, ritmos e fórmulas instrumentais de forma sempre curiosa. Exemplo disso está na sequência de abertura do trabalho. Enquanto músicas como XTQ Idol e Pretend It’s Confetti refletem o interesse do músico em explorar um material essencialmente abstrato, canções como Clad In Skin transportam o ouvinte para um novo território. Um misto de jazz, pop e trip-hop deliciosamente pegajoso.
Dono de um timbre particular, Powers ainda transforma a própria voz em uma espécie de instrumento complementar para o fortalecimento do disco. Perfeita representação desse direcionamento estético ecoa na instável Plaster Saint, nona canção do álbum. São pouco mais de três minutos em que o músico distorce os próprios versos, costurando pianos, batidas e samples de forma sempre irregular, como um estranho remix da própria obra.
Mesmo dentro desse universo de formas inexatas, inclinado à permanente transformação da própria identidade artística, Powers estreita a relação com os antigos trabalhos como Youth Lagoon. Prova disso está no pop atmosférico de Playright, composição que poderia facilmente ser encontrada em Wondrous Bughouse. O mesmo vale para Common Hoax, uma balada minimalista que lembra as canções do artista em The Year of Hibernation.
Ponto de equilíbrio dentro desse universo guiado pela completa instabilidade dos elementos, o canto triste e sentimentos expostos do artista. São versos sempre intimistas, ancorados em tormentos pessoais do músico norte-americano, como se Powers buscasse ao máximo extrair toda a dor e incerteza que corrompe suas experiências mais particulares. Uma forma criativa de ampliar tudo aquilo que havia deixado para trás, nos antigos trabalhos como Youth Lagoon.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.