Resenha: “Muzik”, Delorean

/ Por: Cleber Facchi 21/06/2016

Artista: Delorean
Gênero: Electronic, Alternative, Dance
Acesse: https://www.facebook.com/dlrean

 

Com o lançamento de Apar, em 2013, os integrantes do Delorean pareciam decididos a explorar um som cada vez mais pop, comercial, como uma nova interpretação da mesma eletrônica autoral explorada nos essenciais Ayrton Senna EP (2009) e Subiza (2010). Entretanto, interessante encontrar no recém-lançado Muzik (2016, Phlex), sexto álbum de estúdio do quarteto espanhol, uma espécie de regresso ao mesmo universo de temas e referências incorporadas há meia década.

Livre de canções pegajosas e possíveis participações – como Caroline Polachek, vocalista do Chairlift e colaboradora de duas composições no álbum entregue há três anos –, Muzik se concentra na ativa relação entre os integrante da banda. Trata-se de uma obra coesa, como se cada faixa servisse de base para a canção seguinte, proposta que se reforça na forte similaridade dos sintetizadores e vozes que flutuam da abertura do disco, em Epic, até a chegada derradeira Parrhesia.

Faixa-título do disco e canção escolhida para anunciar o trabalho há poucos meses, Muzik inicialmente dança em meio a sintetizadores contidos e batidas limpas, porém, cresce lentamente, revelando ao público um segundo ato marcado pelo uso dançante dos arranjos. A mesma estrutura acaba servindo de base para outras canções ao longo da obra. Músicas como a inaugural Epic e Closer que preparam o caminho para uma explosão de sons e cores.

Levemente nostálgico, o registro de nove faixas talvez seja a trabalho em que a herança musical do grupo espanhol se revela com maior naturalidade. Difícil não lembrar da boa fase do New Order em faixas como Both e Push, composições que dialogam diretamente com a música produzida na segunda metade dos anos 1980. Um jogo de sintetizadores pulsantes, levemente embriagado pelas emanações da cena Balearic, outra grande influência dentro dos trabalhos do Delorean.

Mesmo olhando para o passado, está na base musical do próprio grupo o principal componente para a construção de Muzik. Bases sampleadas, versos cíclicos, sintetizadores melódicos e uma verdadeira avalanche de detalhes que parece encaixados de forma sempre cuidadosa. Um bom exemplo disso está na delicada Contra, música que amarra as pontas entre o som pegajoso de Apar e as canções pensadas para a obra-prima do grupo, Subiza.

Mais do que uma obra feita para dançar, Muzik se revela como um registro em que o Delorean parece testar os próprios limites, encontrando possíveis soluções para escapar de uma previsível zona de conforto. Ao mesmo tempo em que testa novas sonoridades, o quarteto resgata de forma remodela elementos da extensa discografia, revelando ao público uma obra que se pinta com novidade, porém, mantém firme a própria essência.

 

Muzik (2016, Phlex)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Cut Copy, Classixx e Lemonade
Ouça: Contra, Muzik e Push

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.