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Ano: 2017

Selo: Balaclava Records

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Papisa e Cat Power

Ouça: Sol, Ventre e Lua

7.8
7.8

Resenha: “Nabia”, Cinnamon Tapes

Ano: 2017

Selo: Balaclava Records

Gênero: Indie, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Papisa e Cat Power

Ouça: Sol, Ventre e Lua

/ Por: Cleber Facchi 19/09/2017

Sem pressa, como ondas tímidas banhando os pés em uma manhã tranquila à beira-mar, Nabia (2017, Balaclava Records), primeiro álbum de estúdio do Cinnamon Tapes, ganha forma e cresce lentamente. De essência intimista, produto das confissões, medos e inquietações da cantora e compositora Susan Souza, o registro de temática marítima chega até o público em pequenas doses, flutuando em meio a arranjos tecidos com extrema delicadeza pela musicista paulistana.

Nascido do parcial isolamento entre Souza e o veterano Steve Shelley, ex-integrante da banda nova-iorquina Sonic Youth e colaborador esporádico em projetos como Sun Kil Moon, Nabia, como o próprio título indica, nasce como um convite a visitar a mente e sentimentos da cantora. Trata-se de uma personagem mística criada para representar o eu lírico de Souza. Representação poética que sutilmente amarra cada uma das nove composições produzidas para o curto registro.

Após gravar a primeira parte, entendi que minhas composições sempre traziam algo que as conectava. Elas remetiam ao universo místico, com simbologias sobre o feminino, ao mesmo tempo em que me ajudavam a iluminar o lado menos doce da minha personalidade“, explicou Souza em entrevista ao site da Red Bull. O resultado está na construção de um álbum marcado pelo forte sensibilidade. Arranjos e vozes essencialmente brandas, esquivas de possíveis excessos.

Entre versos bilíngues e um timbre que instantaneamente remete ao trabalho de Cat Power, Souza convida o ouvinte a explorar um ambiente conceitualmente isolado, acolhedor e melancólico na mesma proporção. Um bom exemplo disso está na já conhecida Sol, segunda faixa do disco. Entre arranjos semi-acústicos, A cantora pinta com as palavras um cenário perfumado pelo brisa do mar, conchas e a lenta separação de dois indivíduos, conceito que se repete em diversas faixas do trabalho.

Em uma medida de tempo própria, Nabia segue de forma econômica até o último instante, esmiuçando guitarras e fragmentos de vozes marcados de forma explícita pelos detalhes. Instantes de profunda melancolia, como nas guitarras e batidas arrastadas de Sacred Waves, música que lembra a boa fase de grupos como Galaxie 500, ou mesmo canções levemente ensolaradas, percepção reforçada durante a produção da crescente Cinnamon Sea e, principalmente, na melódica Ventre.

Completo pela presença dos músicos Emil Amos (Holy Sons, Grails, Om) e Paulo Kishimoto (Forgotten Boys, Riviera Gaz, Pitty), Nabia ainda conta com a masterização assinada pela engenheira californiana April Golden (Sharon Jones, Downtown Boys). Um time seleto de instrumentistas convidados a completar as pequenas lacunas de Souza, interferência pontuais que sutilmente contribuem para o maior fortalecimento da obra e, consequentemente, da personagem criada por Cinnamon Tapes.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.