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Críticas

Sheer Mag

: "Need To Feel Your Love"

Ano: 2017

Selo: Wilsuns RC

Gênero: Rock, Hard Rock

Para quem gosta de: Parquet Courts e Priests

Ouça: Need To Feel Your Love e Suffer Me

8.0
8.0

Resenha: “Need To Feel Your Love”, Sheer Mag

Ano: 2017

Selo: Wilsuns RC

Gênero: Rock, Hard Rock

Para quem gosta de: Parquet Courts e Priests

Ouça: Need To Feel Your Love e Suffer Me

/ Por: Cleber Facchi 18/07/2017

Em um intervalo de apenas três anos, Tina Halladay e os parceiros do Sheer Mag, Kyle e Hart Seely, Matt Palmer e Ian Dykstra, encontraram no hard rock/metal produzido na segunda metade dos anos 1970 o principal combustível para a formação de uma rica sequência de obras. Três EPs raivosos — I (2014), II (2015) e III (2016) —, posteriormente agrupados dentro de uma mesma coletânea. Um som enérgico, cru, ponto de partida para a formação do primeiro álbum de estúdio da banda norte-americana, Need To Feel Your Love (2017, Wilsuns RC).

Intenso, o trabalho abre em meio a batidas secas e guitarras rasgadas de Meet Me In The Street, um rock sujo, perfumado pelo passado e pela voz berrada de Halladay (“Encontre-me na rua / encontre-me na rua“). Arranjos e versos que se articulam de forma explosiva, oposto ao clima dançante que invade a faixa-título do disco. Um dance-rock temperado pela música country, lembrando em alguns aspectos o trabalho do Fleetwood Mac, uma das principais influências do quinteto da Filadélfia, Pensilvânia.

A mesma energia se repete na faixa seguinte, Just Can’t Get Enough, música que cresce em meio a versos apaixonados (“Eu quero correr para você, querida / Eu não quero demorar muito / Fico tonto com você, querida“). Interessante perceber na sequência em Expect The Bayonet o completo oposto desse material. Guitarras que apontam para a boa fase do Dire Straits, porém, preservando a força política dos versos (“Um frágil estado de sangue e capricho / Feito para homens ricos em sua pele branca“), marca de toda a série de EPs inicialmente produzidos pela banda.

Na dobradinha formada por Rank and File e Turn It Up, um rock nostálgico, ora íntimo de veteranos como Van Hallen e AC/DC, ora próximo de diferentes grupos da atual cena californiana, principalmente Ty Segall. Em Suffer Me e Pure Desire, um perfeito exercício da poesia intimista de Halladay. Cuidado que se repete tanto na formação da curtinha Until You Find The One, com pouco menos de dois minutos, quanto na extensa Milk And Honey, música que parece feita para a voz etérea de Stevie Nicks.

Com a chegada Can’t Play It Cool, um regresso inevitável ao primeiro ato do registro. Guitarras e vozes rápidas que mostram a capacidade da banda em produzir um material dançante, porém, preservando a crueza dos arranjos. “Estive perdendo o controle do tempo / Eu andei de um lado para o outro, eu tenho lutado com minha mente / Diz que não há amor em vão“, canta Halladay em um curioso exercício romântico que se distancia de grande parte dos clichês do gênero.

Para o encerramento do trabalho, a versátil (Say Goodbye To) Sophie Scholl. São pouco mais de quatro minutos em que o quinteto amarra diferentes sonoridades e possibilidades dentro de estúdio, indo do dad rock ao country-punk com naturalidade. Nos versos, uma canção marcada pelas metáforas e pequenos diálogos com a morte, como se a euforia e sorrisos que inauguram o trabalho fossem lentamente sufocados pela dor, fazendo do último ato de Need To Feel Your Love uma triste despedida.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.