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Críticas

Preoccupations

: "New Material"

Ano: 2018

Selo: Flemish Eye / Jagjaguwar

Gênero: Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Savages e Iceage

Ouça: Antidote e Disarray

7.8
7.8

Resenha: “New Material”, Preoccupations

Ano: 2018

Selo: Flemish Eye / Jagjaguwar

Gênero: Pós-Punk, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Savages e Iceage

Ouça: Antidote e Disarray

/ Por: Cleber Facchi 27/03/2018

Poucos grupos atuais parecem capazes de replicar com tamanha naturalidade o som produzido entre o final dos anos 1970 e início da década seguinte quanto os canadenses do Preoccupations. Em um contínuo diálogo com o passado, Matt Flegel (baixo, voz), Mike Wallace (bateria) Scott Munro (guitarra, sintetizador) e Daniel Christiansen (guitarra) fizeram dos dois primeiros registros de inéditas da banda – Viet Cong (2015) e o homônimo álbum de 2016 –, um curioso resgate de ideias, conceito que volta a se repetir em New Material (2018, Flemish Eye /Jagjaguwar).

Como indicado no próprio título do álbum – “Material Novo“, em português –, o sucessor de músicas como Anxiety e Degraded não apenas revela ao público um precioso conjunto de faixas inéditas, como delicadamente parece transportar o som produzido pelo quarteto de Calgary para um novo território criativo. São pequenas variações instrumentais que jogam com o passado de forma curiosa, postura que se repete até a derradeira Compliance.

Composição que melhor sintetiza essa “ruptura”, Disarray, terceira canção do disco, sustenta no uso de temas melódicos, quase ensolarados, o principal componente de transformação criativa para o trabalho do grupo. São guitarras ascendentes, limpas, como uma fuga do som claustrofóbico que vinha sendo explorado desde o primeiro álbum de estúdio do Preoccupations. Uma propositada mudança de direção que transporta o som dos canadenses para o mesmo universo de artistas como DIIV e demais representantes do pós-punk/dream pop estadunidense.

Todavia, importante notar que a busca por novas sonoridades em nada interfere na composição de faixas densas, invasivas. É o caso de Antidote, quinta composição do trabalho. Escolhida para apresentar o novo álbum, a faixa de seis minutos ganha forma aos poucos, detalhando batidas e bases cíclicas que instantaneamente remetem aos primeiros trabalhos de grupos como Public Image Ltd. e Joy Division. Um som ruidoso e metálico, como um propositado regresso ao elogiado Viet Cong.

A própria faixa de abertura do disco, Espionage, é outra que investe na mesma atmosfera sombria. Perceba como todos os elementos da canção assentam lentamente, como contínuo desvendar de ideias e experiências, indicativo para toda a sequência de músicas entregues pela banda no decorrer da obra. Um cuidado que se reflete mesmo nas composições mais sensíveis e brandas do trabalho, caso do rock climático que ganha forma em Manipulation e Doubt.

Produto da contínua evolução do grupo canadense, New Material abraça a renovação, porém, em nenhum momento parece romper de forma abrupta com a identidade musical do Preoccupations. São pouco menos de 40 minutos em que o quarteto traz de volta a mesma atmosfera soturna detalhada nos dois primeiros registros de inéditas da banda, porém, se permitindo provar de novas sonoridades, o que faz do disco um lento desvendar de experiências.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.