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Críticas

Adriano Cintra

: "Nine Times"

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Future Islands e Twin Shadow

Ouça: No Way e Catastrophic

7.5
7.5

Resenha: “Nine Times”, Adriano Cintra

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Future Islands e Twin Shadow

Ouça: No Way e Catastrophic

/ Por: Cleber Facchi 17/08/2017

Se existe uma coisa que Adriano Cintra sabe como produzir melhor do que qualquer outro artista brasileiro são boas melodias e canções sempre pegajosas, capazes de grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição. Basta ouvir os antigos registros do produtor paulistano para perceber isso. Um cuidado que ultrapassa o som raivoso do Thee Butchers’ Orchestra, cresce na curta discografia do Cansei de Ser Sexy e chega até os registros em carreira solo do músico.

Segundo trabalho de inéditas de Cintra, Nine Times (2017, Independente) mostra o cuidado do veterano na construção de cada fragmento de voz, entalhe melódico ou acorde. Um material propositadamente nostálgico, doce, como se décadas de produção e referências extraídas de diferentes clássicos da música pop fossem agrupadas dentro de um mesmo exemplar criativo. Cuidado evidente em cada uma das 10 faixas do disco — 13 na versão digital.

Menos raivoso em relação ao antecessor Animal, trabalho entregue ao público em meados de 2014, o novo disco traz de volta a mesma atmosfera dos primeiros discos do Cansei de Ser Sexy, principalmente o maduro Donkey (2009), registro em que a produção de Cintra cresce com naturalidade. Canções cercadas em confissões do eu lírico, sempre acompanhadas pela formação de uma colorida atmosfera musical, vide Your Crazy Eyes e o pop contido da inaugural No Way.

Produzido em um intervalo de quase dois meses, Nine Times mostra o refinamento de Cintra mesmo na composição de faixas como a acelerada Mouth, música que soa como uma continuação da ruidosa Rat Is Dead, lançada há oito anos. Perceba como diferentes camadas de ruídos e texturas eletrônicas se espalham ao fundo de cada composição, evidenciando o esmero do artista durante toda a execução da obra, cuidado evidente nas guitarras de So Sorry e sintetizadores de Like a Domino.

Por vezes próximo do trabalho produzido por Twin Shadow, Future Islands e demais projetos de destaque do electro-pop/syntpop norte-americano, Cintra passeia por entre ambientações típicas da década de 1980, porém, longe de parecer deslocado do presente. Basta ouvir músicas como Your Crazy Eyes ou a pegajosa Shaming e perceber como o músico paulistano cria uma nova interpretação para o mesmo universo radiofônico, pop e acessível explorado há mais de três décadas.

Coeso, como tudo aquilo que músico vem produzindo nos últimos anos — seja em carreira solo ou em parcerias com diferentes artistas —, Nine Times serve de passagem para um universo musical próprio do artista paulistano. Da imagem de capa do trabalho, um coelho de pelúcia que data o nascimento e infância do músico, passando pela série de vídeos “intimistas” que acompanham o registro, cada fragmento da obra indica a criativa atuação do Cintra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.