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Críticas

Biltre

: "Nosso Amor Vai Dançar"

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Tereza e Holger

Ouça: Nosso Amor Foi Um GIF e Wilson

7.0
7.0

Resenha: “Nosso Amor Vai Dançar”, Biltre

Ano: 2017

Selo: Independente

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Tereza e Holger

Ouça: Nosso Amor Foi Um GIF e Wilson

/ Por: Cleber Facchi 07/11/2017

O bom humor funciona como a base do som produzido pelo grupo carioca Biltre. Basta uma rápida passagem pela seleção de faixas que compõe o primeiro álbum de inéditas do quarteto formado por Arthur Ferreira, Diogo Furieri, Vicente Coelho e Claudio Serrano, o frenético Bananabikenologia (2015), para perceber isso. Um material propositadamente radiofônico, pop, sonoridade que volta a se repetir nas canções do segundo álbum de inéditas da banda, o divertido Nosso Amor Vai Dançar (2017, Independente).

Inaugurado pelas guitarras funkeadas de Superficial, música que resume nos versos a separação de um casal – “Pode vir, vem você / Reclamar de mim / Que eu não tenho conteúdo / Que eu sou superficial” –, o trabalho de oito faixas sustenta logo nos primeiros minutos um descomplicado conjunto de regras. Arranjos e versos pensados para grudar na cabeça do ouvinte em uma primeira audição, proposta escancarada na cômica construção de Wilson, música que dialoga com a boa fase dos conterrâneos da Blitz no começo dos anos 1980 – “De bicicleta eu vou pra lá / Passei no mercado / Tô apressado pra te amar / O nosso lugar“.

A mesma energia acaba se refletindo em Nosso Amor Foi Um GIF, terceira faixa do disco e o ápice de Nosso Amor Vai Dançar. São três ou mais décadas de referências que mostram o cuidado da banda em brincar com a música pop, fazendo do relacionamento instável retratado nos versos o ponto central da canção — “Mas nosso amor foi um gif / Um clipe / Uma clap / Foi ligeirin / Foi pá-pum / Pá-pum Pá-pum”. Um som radiante, ponte para as românticas Biju e, principalmente, Tomate, faixa que joga com a malícia e bom humor evidente dos versos.

Com a chegada de Filho do Fela, sexta faixa do disco, a passagem para o lado mais curioso da obra. Longe do pop-rock-colorido que marca o primeiro bloco do trabalho, arranjos espaçados, inserções percussivas e metais sutilmente ampliam os domínios da Biltre. O resultado está na construção de uma faixa que preserva com naturalidade a essência “pegajosa” do restante do álbum, porém, se permite provar de novas possibilidades dentro de estúdio. Uma ruptura breve que se conecta diretamente ao som apresentado logo em sequência com Separada.

Misto de reggae, rock e Hip-Hop, a composição não apenas rompe com o restante do do trabalho, como transporta o ouvinte para um cenário (musical) completamente distinto, lembrando em alguns aspectos o som produzido pelo Raimundos e outros grupos que surgiram no início dos anos 1990. Uma colagem de ritmos que também se reflete em Bagana, faixa de encerramento do álbum e que acaba recriando de forma cômica os versos de Your Love, clássico do grupo britânico The Outfield.

Divertido, como tudo aquilo que o grupo carioca vem produzindo desde o primeiro álbum de estúdio, Nosso Amor Vai Dançar mostra o esforço do quarteto em dialogar com uma parcela ainda maior do público, fazendo de cada composições um hit em potencial. Basta uma rápida audição para que faixas como Wilson, Filho do Fela e Nosso Amor Foi Um GIF grudem na cabeça do ouvinte. Um claro esforço em soar ainda mais acessível, próximo do grande público, mas que em nenhum momento prejudica ou empobrece o trabalho da banda, detalhista em cada fragmento de voz ou costura instrumental.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.