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Críticas

Cults

: "Offering"

Ano: 2017

Selo: Siderlyn

Gênero: Indie Pop, Syntphop

Para quem gosta de: Tennis e Best Coast

Ouça: I Took Your Picture e Offering

7.0
7.0

Resenha: “Offering”, Cults

Ano: 2017

Selo: Siderlyn

Gênero: Indie Pop, Syntphop

Para quem gosta de: Tennis e Best Coast

Ouça: I Took Your Picture e Offering

/ Por: Cleber Facchi 18/10/2017

O pop retrô sutilmente apresentado pelo Cults no início da década, continua rendendo bons frutos. Ainda que o som empoeirado e essencialmente nostálgico que marca o primeiro álbum de inéditas de Brian Oblivion e Madeline Follin permaneça irretocável, ainda difícil de ser superado, sobrevive nas canções do recente Offering (2017, Siderlyn), terceiro álbum de inéditas da banda nova-iorquina, uma obra repleta de boas composições.

Menos raivoso em relação ao antecessor Static, de 2013, Offering sintetiza na dobradinha de abertura grande parte das experiências detalhadas pela dupla. De um lado, os sintetizadores e ambientações dançantes da faixa-título, composição que dialoga de forma expressiva com o som produzido nos anos 1980, base para grande parte do álbum. Em I Took Your Picture, guitarras, sintetizadores e vozes em coro trabalhadas paralelamente, lembrando uma versão complexa do material apresentado no primeiro disco da banda.

A mesma chuva de sintetizadores que abre o disco cai sobre os versos da melancólica With My Eyes Closed, música que lembra a boa fase de veteranos do pop rock norte-americano, principalmente The Beach Boys. Sem necessariamente tropeçar em pequenas repetições, o mesmo romantismo doloroso se reflete ainda nos versos de Recovery, composição que parece apontar para algum lugar entre o final dos anos 1970 e o início da década de 1980, efeito da New Wave “desconstruída” que abastece a canção.

Quinta faixa do disco, Right Words não apenas distancia o Cults do material que vem sendo produzido desde o primeiro álbum de estúdio, como lembra em alguns aspectos o pop torto de Ariel Pink dentro de obras recentes como pom pom (2014) e Dedicated to Bobby Jameson (2017). Nada que se compare ao som doce montado para Good Religion, composição que mais uma vez aponta para a década de 1960, fazendo da melodia descomplicada de Natural State, faixa seguinte, um precioso complemento.

Na sequência formada por Nothing Is Written e Talk In Circles, um pequeno catálogo de referências a serem cuidadosamente exploradas pelo ouvinte. Instantes em que Oblivion e Follin passeiam por entre décadas de música pop, esbarram em elementos típicos do dad rock, texturas eletrônicas, arranjos psicodélicos, guitarras e versos cuidadosamente encaixados, como parte de um mesmo bloco de ideias que se completam de forma particular.

Passado o synth-rock de Clear from Far Away, música que repete a mesma avalanche de temas referenciais do restante da obra, Gilded Lily conduz o ouvinte para o fechamento do álbum. Sem pressa, a canção se espalha em meio a sintetizadores melancólicos, vozes tratadas com extrema leveza e toda uma carga de elementos que assentam no fundo do ouvido, sussurrando melodias cósmicas que até lembram projetos como Melody’s Echo Chamber e Tame Impala, porém, preservam a identidade do Cults.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.