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Ano: 2017

Selo: Bella Union

Gênero: Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Cocteau Twins e Beach House

7.0
7.0

Resenha: “Ojalá”, Lost Horizons

Ano: 2017

Selo: Bella Union

Gênero: Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Cocteau Twins e Beach House

/ Por: Cleber Facchi 10/11/2017

Como integrante do Cocteau Twins, Simon Raymonde trabalhou na construção de um verdadeiro acervo de clássicos para o Dream Pop/Rock Alternativo. Trabalhos como Treasure (1984) e Heaven or Las Vegas (1990) que fizeram o grupo escocês um dos mais influentes do gênero. Melodias e temas instrumentais cuidadosamente bem delineados, ponto de partida para o primeiro álbum do músico em parceria com também veterano Richie Thomas (Jesus and Mary Chain, Dif Juz), Ojalá (2017, Bella Union), registro de estreia do Lost Horizons.

De essência nostálgica, o trabalho de 15 faixas e pouco mais de 70 minutos de duração vai de encontro ao passado. Trata-se de uma clara tentativa da dupla em resgatar grande parte da sonoridade, temas e conceitos que tomaram conta da cena britânica na segunda metade dos anos 1980. Ambientações empoeiradas, diálogos breves com o pós-punk/rock gótico e colagens soturnas que parecem emular grande parte dos conceitos testados no clássico It’ll End in Tears (1984), obra-prima do This Mortal Coil que contou com a participação de Raymonde.

Parte expressiva desse conceito se revela com naturalidade na doce The Places We’ve Been, música escolhida pela dupla para anunciar a chegada do disco há poucos meses. Tecida com extrema delicadeza, efeito das guitarras que sutilmente ocupam o interior da faixa, a canção de temas etéreos cresce na breve interferência da convidada Karen Peris, vocalista e uma das metades da dupla norte-americana Innocence Mission. Um colorido instrumental que tende ao gótico, como se a canção brincasse com os instantes e pequenos contrastes.

Parceira da dupla britânica em um intervalo de poucos minutos, Peris é apenas uma das colaboradoras que surgem e desaparecem durante toda a execução da obra. Encaixada na segunda metade do trabalho, a enérgica Life Inside a Paradox talvez seja a composição que melhor sintetiza essa constante interferência. Trata-se de uma parceria com o músico Cameron Neal, um dos integrantes do Horse Thief, porém, completa pela presença da cantora e compositora Sharon Van Etten, convidada a ocupar as pequenas lacunas da faixa como voz de apoio.

Surgem ainda nomes como Liela Moss, parceira da banda na eletroacústica Score The Sky, música que soa como um remix dos trabalhos produzidos pelo Cocteau Twins no início dos anos 1990. Em Frenzy, Fear, sétima faixa do álbum, um som deliciosamente melancólico, completo pela presença de Hilang Child. Nada que se compare ao esforço da dupla em cercar e reforçar a voz da convidada Marissa Nadler em I Saw The Days Go By, música que parece transportar o ouvinte para um cenário de ambientações noturnas, conceito explorado nos versos duplicados, guitarras e batidas lentas que invadem a canção.

Mesmo dentro desse universo de pequenos acertos e arranjos detalhistas, convidativos ao ouvinte, inegável é a forte similaridade entre as canções, junto da longa duração da obra, um dos principais problemas de Ojalá. Ainda assim, quem se dedicar ao registro montado por Raymonde e Thomas dificilmente deve se decepcionar. Da construção grandiosa que invade o disco em Bones, passando pelo colorido matinal de Amber Sky, até alcançar faixas como a extensa The Engine e a derradeira Stamped, cada minuto da obrase abre para acolher e confortar o público.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.