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Ano: 2017

Selo: Atlantic

Gênero: Eletrônica, House, Disco

Para quem gosta de: Hot Chip e The Juan Maclean

Ouça: Omnion e Controller

7.8
7.8

Resenha: “Omnion”, Hercules & Love Affair

Ano: 2017

Selo: Atlantic

Gênero: Eletrônica, House, Disco

Para quem gosta de: Hot Chip e The Juan Maclean

Ouça: Omnion e Controller

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2017

Seja na completa melancolia de Blue Songs (2011) ou na atmosfera radiante de The Feast Of The Broken Heart (2014), Andy Butler sempre encarou a obra do Hercules and Love Affair como um necessário exercício de exposição e libertação pessoal. Basta voltar os ouvidos para o conjunto de versos intimistas que sutilmente crescem na voz da convidada ANOHNI dentro do primeiro registro de inéditas da banda, lançado em 2008. Delírios, medos e relacionamentos conturbados que invariavelmente acabaram se transformando em música.

Mesmo longe de parecer uma novidade, em Omnion (2017, Atlantic), quarto álbum de estúdio do projeto nova-iorquino, é onde todos esses sentimentos afloram com maior naturalidade. Primeiro registro de inéditas de Butler em três anos, o trabalho encontra no período em que o produtor viveu seu período mais conturbado por conta do uso abusivo de drogas o principal componente criativo para a formação dos versos. Um olhar para o passado de um artista hoje limpo e livre de possíveis excessos.

Eu sou um tolo quando bebo / Estou feliz em não ser hoje / Fui um tolo por mentir … Permita-me levantar a mão / E assumir que fui um tolo“, canta em Fools Wear Crowns, sexta canção do disco e um reflexo da mente atormentada de um indivíduo que sucumbiu ao vício. Uma canção de versos brandos, acolhedora e minimalista, estrutura que acaba se repetindo durante toda a execução do trabalho, como um novo olhar de Butler para a música disco/house que tanto o inspira.

Perfeita representação desse resultado está na melancólica faixa de abertura do disco, uma parceria com a cantora Sharon Van Etten que não apenas garante título à obra, como mostra o cuidado de Butler na composição dos versos. “Ao longo dos anos meu coração endureceu / A dor foi ótima / Eu não sou mais o homem que as pessoas costumavam ver“, canta a convidada em uma delicada interpretação dos pensamentos de Butler. Versos marcados pela sobriedade do eu lírico, conceito reforçado em músicas como Lies, My Curse and Cure e demais canções do trabalho.

Claro que a busca por novas sonoridades e o conceito intimista da obra não impede Butler de mergulhar na produção de faixas essencialmente dançantes, íntimas dos mais variados públicos. É o caso da nostálgica Controller, parceria com o britânico Faris Badwan (The Horrors) e uma viagem musical ao início dos anos 1990, lembrando um encontro entre New Order e Depeche Mode. A mesma energia se repete em Rejoice, colaboração com Rouge Mary, e na nostálgica Are You Still Certain?, faixa que sutilmente transporta o ouvinte para o meio dos anos 1970.

Trabalho mais completo do Hercules & Love Affair desde o debute apresentado há nove anos, Omnion carrega na poesia confessional de Butler o estímulo necessário para a construção dos arranjos, batidas e cada mínimo componente eletrônico do disco. Mesmo cercado de colaboradores, difícil ignorar a presença do produtor como o grande protagonista da obra, transformando um universo de histórias sempre particulares na matéria-prima criativa que sutilmente ganham forma e cresce no interior do álbum.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.