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Críticas

Triathalon

: "Online"

Ano: 2018

Selo: Broken Circles

Gênero: Indie Pop, R&B

Para quem gosta de: Toro Y Moi, Lemonade e Vondelpark

Ouça: Couch e Hard to Move

7.6
7.6

Resenha: “Online”, Triathalon

Ano: 2018

Selo: Broken Circles

Gênero: Indie Pop, R&B

Para quem gosta de: Toro Y Moi, Lemonade e Vondelpark

Ouça: Couch e Hard to Move

/ Por: Cleber Facchi 26/02/2018

quem critique, e com razão, a forte ausência de novidade e continua redundância criativa dentro do famigerado indie R&B. Afinal, em um intervalo de poucos anos, sobram trabalhos medianos que comprovam a falta de evolução poética/instrumental para o “gênero”. Excesso reforçado em uma série de lançamentos recentes produzidos por artistas como SOHN, Shy Girls, Boots e o próprio How To Dress Well em Care (2016), obra incapaz de refletir o mesmo esmero detalhado em registros como “What Is This Heart?” (2014).

Embora parte desse mesmo universo de artistas, curioso perceber na obra produzida pelo trio nova-iorquino Triathalon um curioso ponto de transformação para o estilo. Partindo de uma instável colisão de ritmos – pop, R&B, rock psicodélico e soul –, cada fragmento do recém-lançado Online (2018, Broken Circles) parece pensado para seduzir o ouvinte, como uma madura continuação do som explorado nos dois primeiros álbuns do grupo, Lo-Tide (2014) e Nothing Bothers Me (2015).

Como indicado pelos próprios integrantes da banda, os músicos Adam Intrator, Chad Chilton e Hunter Jayne, o trabalho de 13 faixas e pouco mais de 45 minutos de duração soa como um improvável encontro entre a sutileza do Childish Gambino e o olhar detalhista do Homeshake. Fragmentos instrumentais concebidos em uma medida própria de tempo, como se cada elemento do disco fosse explorado com merecido destaque.

Não por acaso, os integrantes da banda decidiram transformar a delicada Couch no primeiro single do disco. Trata-se de uma faixa concebida a partir de camadas, como retalhos instrumentais e poéticos sutilmente tecidos pelo trio. Sintetizadores, vozes, batidas, guitarras psicodélicadas e a sempre destacada linha de baixa. Um som labiríntico, como se Mac DeMarco e os integrantes do Vondelpark compartilhassem experiências em estúdio, estímulo para a produção de um som mágico, por vezes nostálgico e deliciosamente intimista.

O mesmo cuidado na inserção dos arranjos e versos acaba se refletindo durante toda a execução da obra. Basta voltar os ouvidos para a fina complexidade de Hard to Move, música produzida a partir de pequenas inserções instrumentais. Próxima ao encerramento do disco, Day One investe em um space-pop-psicodélico que transporta o som produzido pela banda nova-iorquina para um novo território criativo. Em Bad Mood, uma canção que parece mergulhar no Hip-Hop/R&B da década de 1990, reflexo da estrutura referencial que serve de base para a canção.

Maior do que qualquer outro álbum lançado pelo Triathlon nos últimos anos, Online não apenas reflete o completo domínio do trio norte-americano na composição dos arranjos e versos intimistas, como convida o ouvinte a se perder em um universo de emanações nostálgicas, passagens para o som produzido há mais de três décadas e colagens atmosféricas. Um cuidado que se reflete tão logo o disco tem início, na inaugural 3, e segue até o fechamento, no último acorde de True.

 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.