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Críticas

Feist

: "Pleasure"

Ano: 2017

Selo: Universal

Gênero: Indie Rock, Lo-Fi

Para quem gosta de: PJ Harvey, Broken Social Scene

Ouça: Any Party, Century

8.0
8.0

Resenha: “Pleasure”, Feist

Ano: 2017

Selo: Universal

Gênero: Indie Rock, Lo-Fi

Para quem gosta de: PJ Harvey, Broken Social Scene

Ouça: Any Party, Century

/ Por: Cleber Facchi 02/05/2017

Esqueça o indie pop colorido de 1234 ou o folk ensolarado de Mushaboom. Como indicado durante o lançamento de Metals, em setembro de 2011, Leslie Feist segue em busca de um som cada vez mais sujo, cru. Um completo distanciamento do material produzido desde o primeiro álbum de estúdio, Monarch (1999). Ruídos e versos provocativos que cobrem toda a extensão do quinto e mais recente álbum de inéditas da cantora e compositora canadense, Pleasure (2017, Universal).

Com produção dividida entre a artista, o conterrâneo Mocky (Kelela, Jamie Lidell) e Renaud LeTang (Manu Chao, The Kills), o trabalho de 11 faixas inéditas posiciona Feist em um lugar de destaque no interior do disco. Do minimalismo das batidas e pianos à guitarra companheira, todos os elementos do álbum parecem trabalhados de forma a valorizar a voz e sentimentos retratados a cada nova curva da obra. Um projeto grandioso, mesmo na formação contida de cada elemento.

Como indicado logo na faixa de abertura do disco, Pleasure se revela aos poucos, sem pressa. São composições orientadas pela voz forte de Feist, como uma extensão do tema apresentado na confessional The Park, parte do ótimo The Reminder (2007). Nada além do canto entristecido e das guitarras de Feist, proposta que encanta e cresce em músicas como Century, música que se abre para a breve colaboração com o cantor e compositor britânico Jarvis Cocker (Pulp).

Convidada a participar do novo álbum do Broken Social Scene, ainda em produção, Feist transporta para dentro do disco parte da essência dos antigos parceiros de banda. Um bom exemplo disso está na dobradinha formada por Any Party e A Man Is Not His Song. Músicas que mais se distanciam do restante da obra, as faixas adornadas pelo uso de vozes em coro e ruídos caseiros trazem de volta a mesma ambientação de trabalhos como Feel Good Lost (2001) e You Forgot It in People (2002).

Montado em uma arquitetura crescente, Pleasure encanta pela forma como Feist estabelece pequenos refúgios sentimentais no interior do disco. É o caso da acústica Baby Be Simple, música em que a musicista canadense reflete sobre a angústia da separação – “Essa é a maneira de começar / Mas eu tive que descer … E desista da dor / Eu me segurei”. O mesmo cuidado se revela nos arranjos e vozes melancólicas de The Wind, faixa que amplia a poesia sensível da artista.

De essência particular, Pleasure faz uma delicada análise sobre os “limites emocionais” de qualquer indivíduo, como a cantora apontou em entrevista. Versos ancorados em temas como “solidão, privacidade, segredos, vergonha, pressões crescentes, desconexão, ternura e rejeição”, combustível para a poesia dolorosa que encanta e cresce durante toda a formação do álbum. Da abertura ao fechamento, um trabalho em que Feist se revela por completo para o ouvinte.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.