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Críticas

Samantha Urbani

: "Polices of Power"

Ano: 2017

Selo: Lucky Number

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Bloody Orange e Carly Rae Jepsen

Ouça: 1 2 3 4 e Go Deeper

8.0
8.0

Resenha: “Polices of Power”, Samantha Urbani

Ano: 2017

Selo: Lucky Number

Gênero: Pop Rock, Synthpop

Para quem gosta de: Bloody Orange e Carly Rae Jepsen

Ouça: 1 2 3 4 e Go Deeper

/ Por: Cleber Facchi 23/08/2017

Samantha Urbani sempre encontrou na década de 1980 um importante componente criativo para a produção do próprio trabalho. Seja como integrante do grupo nova-iorquino Friends, com quem lançou o ótimo Manifest!, em 2012, ou como colaboradora de Dev Heynes no segundo álbum do Blood Orange, o elogiado Cupid Deluxe (2013), cada registro assinado pela artista norte-americana parece apontar para o passado sem necessariamente deixa o presente, proposta reforçada no primeiro EP de Urbani em carreira solo, Polices of Power (2017, Lucky Number).

Produzido em um intervalo de mais de dois anos, o registro que teve a primeira música apresentada ao público em abril de 2015, o single 1 2 3 4, carrega no uso de melodias empoeiradas e versos confessionais o principal componente para o crescimento da obra. Madonna encontra Cyndi Lauper, Michael Jackson e Prince compartilham experiências dentro de estúdio. Um som colorido, pop e repleto de frescor, completo pelas emoções e sentimentos honestos da cantora.

Difícil não lembrar de Carly Rae Jepsen em Emotion (2015) ou mesmo Sky Ferreira no debute Night Time, My Time (2013), efeito da cuidadosa relação de Urbani com as guitarras, batidas ecoadas e sintetizadores que se espalham ao fundo de cada composição. Um trabalho que poderia facilmente ter sido produzido por Ariel Rechtshaid e Blood Orange, mas encanta pelo completo preciosismo da artista, tão inventiva quanto no período em que dividia funções com os integrantes do Friends.

Em Go Deeper, quarta músicas do EP, é onde todas essas experiências afloram com maior naturalidade. Dividida em pequenos atos, a faixa cresce na lenta sobreposição dos sintetizadores, vozes e na linha de baixo que se conecta diretamente à batida da canção. Um som deliciosamente dançante, como se tudo aquilo que Dev Heynes apresentou ao público durante o lançamento do último álbum como Blood Orange, Freetown Sound (2016), fosse explorado de forma ainda mais acessível, capaz de dialogar com o grande público.

Surgem ainda faixas como a já conhecida Hints & Implications e U Know I Know, parceria com Sam Mehran (Test Icicles) originalmente apresentada em 2015, além de Time Time Time, música que se abre para a colaboração do experiente Stuart Matthewman, parceiro de longa data da britânica Sade e responsável pelo saxofone que cresce em momentos estratégicos da canção. Instantes em que a poesia melancolia de Urbani se conecta diretamente ao passado, efeito da atmosfera urbana e noturna que cresce no interior de cada composição.

Desenvolvido em pequenas doses, sem pressa, Polices of Power funciona como rito de passagem para uma nova fase dentro da carreira de Urbani. Com o encerramento das atividades do Friends — a banda chegou ao fim em meados de 2013 —, a cantora, compositora e produtora nova-iorquina decidiu testar os próprios limites, sustentando nas cinco composições que abastecem o presente registro um criativo, ainda que nostálgico, exercício de transformação.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.