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Críticas

Girlpool

: "Powerplant"

Ano: 2017

Selo: Anti-

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Elliott Smith, Frankie Cosmos

Ouça: 123, Powerplant, It Gets More Blue

8.5
8.5

Resenha: “Powerplant”, Girlpool

Ano: 2017

Selo: Anti-

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Elliott Smith, Frankie Cosmos

Ouça: 123, Powerplant, It Gets More Blue

/ Por: Cleber Facchi 17/05/2017

Como é bom perceber o amadurecimento de uma banda mesmo em um curto intervalo de tempo. Pouco menos de dois anos após o lançamento de Before the World Was Big (2015), Cleo Tucker e Harmony Tividad estão de volta com um novo registro de inéditas do Girlpool. Em Powerplant (2017, Anti-), segundo e mais recente álbum de estúdio da dupla de Los Angeles, Califórnia, todos os elementos testados no primeiro disco são cuidadosamente resgatados e ampliados conceitualmente, reforçando os domínios criativos e a grandeza do projeto.

Confessional, como tudo aquilo que a dupla vem desenvolvendo desde o começo da carreira, o trabalho de 12 músicas delicadamente amplia o aspecto intimista dos versos. “Sua boca é como vidro quebrado / É a única coisa que eu estou olhando“, canta na melancólica Your Heart, um retrato sobre os encontros e desencontros de qualquer casal. A mesma angústia na composição das faixas acaba se refletindo durante toda a execução do trabalho, cercando o ouvinte até a derradeira Static Somewhere.

São letras marcadas pela complexidade dos temas, vide 123 (“Continue caminhando de volta para fora para ver um suspiro sob luz agradável“), ou mesmo versos consumidos pela angústia do eu lírico, caso de It Gets More Blue (“Eu bebi as correntes / Eu fiz você olhar / E ainda estou aqui / Eu estou cavando através do lixo“). Uma constante sensação de grande parte do material apresentado em Before the World Was Big ganha novo significado, como um diálogo poético cada vez mais próximo do ouvinte.

O cuidado na composição dos arranjos é outro elemento de destaque durante toda a execução de Powerplant. Um bom exemplo disso está na própria faixa de abertura do disco, a já citada 123. São pouco menos de três minutos em que Tucker e Tividad criam pequenas brechas instrumentais, ponto de partida para a formação de melodias crescentes, sempre hipnóticas. Uma clara reciclagem de tudo aquilo que bandas como The Softies produziram há mais de duas décadas.

De fato, a forte relação com a cena musical do final dos anos 1990 parece orientar grande parte do trabalho. Difícil não lembrar de Elliott Smith, Heatmiser, Gaze e outros tantos projetos que ocuparam a Costa Oeste dos Estados Unidos durante o período. Uma semelhança que ultrapassa a ambientação acolhedora do álbum, efeito das vozes em coro e guitarras paralelas, mas que acaba crescendo pela completa melancolia e intimidade reforçada na formação dos versos.

Agridoce, Powerplant se espalha sem pressa, como um convite a provar do pequeno universo musical criado pela dupla californiana. Entre composições alimentadas por sentimentos expostos (It Gets More Blue), fragmentos cotidianos (Fast Dust) e conflitos mentais (Sleepless), Tucker e Tividad criam um trabalho que dialoga com o isolamento de qualquer indivíduo. Uma interpretação musical de tudo aquilo que movimenta, perturba e conforta a vida de qualquer jovem adulto.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.