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Críticas

Dolphinkids

: "Primavera"

Ano: 2018

Selo: Sagitta Records

Gênero: Synthpop, Dream pop

Para quem gosta de: Marrakesh e Cora

Ouça: Falling, Vazio e Girassol

7.6
7.6

Resenha: “Primavera”, Dolphinkids

Ano: 2018

Selo: Sagitta Records

Gênero: Synthpop, Dream pop

Para quem gosta de: Marrakesh e Cora

Ouça: Falling, Vazio e Girassol

/ Por: Cleber Facchi 07/05/2018

Basta uma rápida audição de Falling, faixa de abertura do novo EP de inéditas do grupo Dolphinkids, Primavera (2018, Sagitta Records), para que o ouvinte seja prontamente seduzido pelo trabalho do trio paulista. “Está tudo caindo aos pedaços / Para você e eu / Desta vez você está / Sozinho nisso“, entrega a letra da canção enquanto sintetizadores, entalhes eletrônicos e a linha de baixo pulsante se espalham de forma segura, servindo de base para a voz forte da vocalista Larissa Braga.

Um lento desvendar de ideias e experiências sentimentais, como um salto em relação ao material entregue pela banda – completa pelos músicos João F P Irente e Pedro Ponce Coulangehá –, durante a produção do EP Bluebird, de 2016 . Melodias e versos delicadamente elaborados, cuidado que se reflete na segunda faixa do disco, Innerspring. Pouco menos de quatro minutos em que cada elemento da música ganha destaque aos poucos, servindo de alicerce para a poesia sensível de Braga e Irente: “Uma vez eu estava escondida / Escondida no escuro / Agora eu encontrei luz“.

Doloroso e libertador na mesma proporção, Primavera faz de cada música um fino exercício de entrega  e exposição sentimental. Exemplo disso está na terceira faixa do EP, Karma. Enquanto batidas e sintetizadores soam como um improvável encontro entre CHVRCHES e Purity Ring, nos versos, a melancolia ganha forma e cresce. “Eu nunca estive / Tão perto do que eu queria / Deixe-me chegar lá / Eu vou pagar por tudo que fiz“, desaba a letra da canção.

O mesmo tom angustiado se reflete na quarta faixa do trabalho, Vazio. Primeira composição do EP cantada inteiramente em português, a música sufoca logo nos primeiros segundos. “Pra onde vamos daqui / O que vamos encontrar / Só o vazio sem fim / E tua imagem pra lembrar“, canta Braga em um dos momentos de maior entrega do disco. Versos que olham para um passado ainda recente, conceito que orienta o trabalho produzida pela banda do primeiro ao último verso.

Em Girassol, quinta faixa do disco, o ato de maior libertação poética do disco. Inaugurada em meio a arranjos de cordas, a canção ganha forma aos poucos, sempre sensível, detalhando batidas eletrônicas, sintetizadores e vozes cristalinas guiadas em essência pela força dos versos. “Esqueça / Pode Voar / Vou Florescer / Multiplicar“, cresce a letra da canção enquanto o trio convida o ouvinte a dançar. Um pop torto, eletrônico, que aponta de forma explícita para a década de 1980, como uma clara evolução do material apresentado pelo trio paulista em Bluebird.

Escolhida para o fechamento do trabalho, Violeta não apenas desacelera, como reflete a capacidade da banda em explorar um som essencialmente pop, capaz de dialogar com uma parcela ainda maior do público. Instantes em que a poesia sensível de Braga e Irente se espalha em meio a pianos e batidas contidas, como uma fuga declarada do ambiente de pequenos excessos que ganha forma logo nos primeiros minutos do trabalho, reforçando a versatilidade da banda dentro de estúdio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.