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Críticas

Bixiga 70

: "Quebra-Cabeça"

Ano: 2018

Selo: Deck Disc

Gênero: Jazz, Funk, Afrobeat

Para quem gosta de: Iconili e Aláfia

Ouça: Quebra-Cabeça e Primeiramente

8.0
8.0

Resenha: “Quebra-Cabeça”, Bixiga 70

Ano: 2018

Selo: Deck Disc

Gênero: Jazz, Funk, Afrobeat

Para quem gosta de: Iconili e Aláfia

Ouça: Quebra-Cabeça e Primeiramente

/ Por: Cleber Facchi 31/07/2018

Quem há tempos acompanha o trabalho do Bixiga 70 sabe que os registros do coletivo paulistano são sempre uma garantia de boas composições e instantes de profundo acerto. Quarto álbum de inéditas na carreira da banda, Quebra-Cabeça (2018, Deck Disc) não poderia ser diferente. São 11 faixas em que os nove integrantes do grupo continuam a se revezar na produção de um som essencialmente quente, produto da criativa sobreposição de ideias e referências que vão do funk dos anos 1970 ao uso de elementos típicos da cultura africana.

Inaugurado pelas batidas e metais abrasivos da homonima faixa de abertura, Quebra-Cabeça não apenas preserva a essência dos últimos três discos que o antecedem, como, mais uma vez, convida o ouvinte a dançar. São variações de jazz, rock, samba, reggae e percussões tribais sempre adornada pela inserção de sintetizadores. Uma colorida mistura de ritmos e fórmulas instrumentais que aponta a direção seguida pelo grupo até a derradeira Portal.

Ponto de separação entre os antigos trabalhos do grupo, Quebra-Cabeça sustenta no uso de pequenos respiros e instantes de destacada valorização de um determinado instrumento seu principal traço criativo. Exemplo disso está em 4 Cantos. Trata-se de uma faixa montada a partir de pequenos atos, sempre detalhista. Do sintetizador que cresce na abertura da canção ao uso de metais que invadem o fechamento da mesma, perceba como cada elemento surge e desaparece a todo instante, refletindo a completa versatilidade da banda.

Sexta composição do disco, Ladeira é outra que utiliza da mesma fórmula, valorizando cada nota, batida ou mínimo fragmento instrumental lançado pelo grupo – hoje formado por Cris Scabello (Guitarra), Cuca Ferreira (Saxofone Barítono e Flauta), Daniel Nogueira (Saxofone Tenor e Flauta), Daniel Gralha (Trompete), Décio 7 (Bateria), Douglas Antunes (Trombone), Marcelo Dworecki (Baixo), Mauricio Fleury (Teclados e Guitarra) e Rômulo Nardes (percussão). Pouco menos de quatro minutos em que a banda muda de direção a todo instante, jogando com a experiência do ouvinte.

É dentro dessa estrutura essencialmente versátil que os integrantes do Bixiga 70 entregam ao público uma de suas principais criações: a já conhecida Primeiramente. Guiada pelo peso das guitarras e batidas, a canção se projeta raivosa, sempre intensa, conceito que se reflete até os últimos instantes da faixa, quando sintetizadores passam a emular o som de uma sirene. A mesma energia se reflete em Camelo, música que parece saída da trilha sonora de algum clássico da Blaxploitation, direcionamento anteriormente testado pelo grupo no último álbum de inéditas.

Sem tempo para descanso, Quebra-Cabeça engata uma faixa na outra de forma a manter a atenção do ouvinte sempre em alta. Ao mesmo tempo em que preserva a essência do grupo paulistano, resgatando uma série de elementos que vem sendo incorporados desde a estreia do coletivo, em 2011, difícil encarar o trabalho como uma obra previsível. Pelo contrário, faixa após faixa, o ouvinte é transportado para dentro de um novo território, reflexo de um projeto guiado em essência pelo contínuo senso de renovação.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.