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Críticas

Kesha

: "Rainbow"

Ano: 2017

Selo: RCA / Kemosabe

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Miley Cyrus e Charli XCX

Ouça: Praying e Let'em Talk

7.0
7.0

Resenha: “Rainbow”, Kesha

Ano: 2017

Selo: RCA / Kemosabe

Gênero: Pop Rock, Pop

Para quem gosta de: Miley Cyrus e Charli XCX

Ouça: Praying e Let'em Talk

/ Por: Cleber Facchi 15/08/2017

Da posição de destaque no topo das principais paradas de sucesso com o hit Tik Tok, para uma artista presa ao próprio contrato com a gravadora. Em um intervalo de apenas cinco anos, Kesha foi do céu ao inferno em um dos casos mais conturbados da música pop recente. Uma tentativa desesperada de se libertar de forma artística e judicialmente do principal responsável pela produção dos próprios trabalhos – o norte-americano Dr. Luke, a quem a cantora acusa de praticar abusos físicos, emocionais e sexuais desde o começo da carreira, quando tinha 18 anos.

Primeiro trabalho de inéditas da artista de Los Angeles em cinco anos, o sucessor do mediano Warrior, obra entregue ao público em 2012, Rainbow (2017, RCA / Kemosabe) nasce como um produto direto da série de eventos que silenciaram o trabalho de Kesha na última meia década. Prova disso está na faixa de abertura do disco, Bastards, composição que encontra na temática da libertação e versos que mostram o esforço da artista em se reerguer o principal componente criativo.

Não deixe que os bastardos te botem pra baixo / Não deixe que os idiotas te desgastem / Não deixe que as garotas malvadas tomem a coroa / Não deixe que os imbecis te atormentem“, canta enquanto a base acústica da composição cresce lentamente, valorizando cada nota e fragmento confessional da artista. Um esforço que volta a se repetir durante na quase religiosa Praying, composição escolhida como single do álbum. “Tenho orgulho de quem eu sou / Não mais monstros, eu posso respirar novamente“, detalha em um claro retrospecto sobre a própria carreira.

Interessante perceber que mesmo denso e confessional, Rainbow passa longe de parecer um registro arrastado, doloroso em excesso. Um bom exemplo disso está na segunda faixa do disco, Let’em Talk, música que nasce como uma resposta aos que duvidaram de um possível regresso de Kesha. “Não deixe que esses perdedores tirem sua magia“, canta enquanto Jesse Hughes e Josh Homme do Eagles of Death Metal assumem uma posição de destaque ao fundo da canção, enérgica, como um vigoroso pop-rock dos anos 1970.

Quem também surge ao longo do disco é a veterana Dolly Parton, parceira de Kesha no contry pop empoeirado de Old Flames (Can’t Hold a Candle to You). O trabalho ainda se abre para o coletivo The Dap-Kings Horns na urgente Woman, música que esbarra na obra de Amy Winehouse e Janelle Monáe de forma particular, ainda mais acessível. A mesma energia se reflete em Boogie Feet, música que mais uma vez conta com a colaboração de Kesha e os integrantes do Eagles of Death Metal, dialogando com o mesmo rock acelerado de Let’em Talk.

Trabalho mais completo e maduro de Kesha até aqui, Rainbow mostra o esforço da cantora norte-americana em se reinventar artisticamente, mesmo ainda presa ao selo Kemosabe, comandado por Dr. Luke. Um necessário grito de libertação e apurado lirismo, mas que em nenhum momento se distancia do principal elemento que apresentou o trabalho da cantora: a capacidade da artista em produzir um verdadeiro arsenal de hits e composições sempre pegajosas, íntimas dos mais variados públicos.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.