Com o lançamento de 3WW, em março deste ano, os integrantes do Alt-J pareciam indicar a parcial mudança de direção em relação ao moroso This Is All Yours (2014). Arranjos e batidas minimalistas, recortes psicodélicos, vozes em loop, samples e a breve interferência da conterrânea britânica Ellie Rowsell, vocalista e líder da banda Wolf Alice. Um claro regresso ao som produzido no inaugural An Awesome Wave (2012), base para o recém-lançado Relaxer (2017, Infectious / Atlantic).

Da capa e encarte do disco inspirada no jogo LSD, projeto lançado​ em 1998 para PlayStation, passando pela colisão de ritmos e fórmulas diferentes, cada segundo no interior do trabalho se apoia na forte absorção de diferentes conceitos instrumentais e estéticos, mesmo dentro de uma atmosfera própria da banda. Um cuidado evidente logo na faixa de abertura do disco, a versátil 3WW, mas que acaba crescendo a medida que músicas como In Cold Blood e Deadcrush surgem no interior da obra.

Por falar em Deadcrush, nítido é o regresso da banda ao mesmo território musical de An Awesome Wave. Da forma como as batidas eletrônicas se articulam no interior da composição, passando pela fragmentação dos samples e vozes em falsete, difícil não lembrar de Breezeblocks e demais composições que apresentam ao público o trabalho do trio inglês. Uma pitada de música pop que espalha em meio a experimentos contidos com a música eletrônica.

Com um ritmo melhor em relação ao trabalho lançado há três anos, efeito do número controlado de músicas, Relaxer dosa momentos de clara explosão (In Cold Bold, Hit Me Like That Snare) com instantes marcados pela completa serenidade dos arranjos e versos. É o caso da psicodélica Adeline, música que se apropria de um trecho da trilha sonora de Hans Zimmer para o filme Além da Linha Vermelha (1998) ao mesmo tempo em que esbarra de forma tímida na psicodelia cósmica do Animal Collective.

O grande problema de Relaxer, como tudo aquilo que o Alt-J vem produzindo desde o começo da carreira, está completa previsibilidade do trabalho. Da abertura ao fechamento do disco, clara é a sensação de que o grupo britânico parece dar voltas em torno da mesma estrutura conceitual produzida desde An Awesome Wave. Versos tratados como mantras, a voz nasalada de Joe Newman, arranjos e batidas cíclicas, como uma triste interpretação do cômico vídeo how to write an Alt-J song.

Interessante perceber na breve interferência das cantoras Marika Hackman (Last Year) e Ellie Roswell (Deadcrush, 3WW) os instantes de maior renovação do trabalho. Uma fuga rápida (e necessária) do ambiente de pequenas repetições que o Alt-J trata como estímulo para a formação da própria identidade musical. Respiros melódicos e sussurros confessionais que garantem ao álbum um precioso senso de transformação, mesmo que por alguns segundos e nas vozes de outras pessoas.