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Críticas

Baths

: "Romaplasm"

Ano: 2017

Selo: Anticon

Gênero: Eletrônica, Indie Pop

Para quem gosta de: Giraffage e Groundislava

Ouça: Absecond e Extrasolar

8.0
8.0

Resenha: “Romaplasm”, Baths

Ano: 2017

Selo: Anticon

Gênero: Eletrônica, Indie Pop

Para quem gosta de: Giraffage e Groundislava

Ouça: Absecond e Extrasolar

/ Por: Cleber Facchi 22/11/2017

As cores funcionam como um precioso indicativo do som produzido por Will Wiesenfeld a cada novo álbum como Baths. Do azulado pueril que marca a estreia do produtor californiano em Cerulean (2010) — uma obra de sonhos e emanações doces —, para a ambientação claustrofóbica e os temas acinzentados que invadem as faixas de Obsidian (2013) e, consequentemente, da sequência no EP Ocean Death (2014). Pequenas variações conceituais que detalham o território sentimental explorado pelo artista, percepção reforçada no terceiro e mais recente álbum de inéditas do norte-americano, Romaplasm (2017, Anticon).

Do colorido esverdeado que estampa a capa do álbum, passando pelas imagens e símbolos ambientais de cada novo single que se conecta ao registro, o terceiro disco de Baths cresce como uma obra marcada pela força do renascimento. Uma clara tentativa de Wiesenfeld em cobrir o passado triste que caracteriza as canções de Obsidian, fazendo de Romaplasm a passagem para um cenário particular, consumido por sonhos, citações a animes e vídeo games, além de versos que detalha de forma metafórica a descoberta do amor e da homossexualidade do eu lírico.

Acostume-me aos erros que eu vou cometer por você“, canta em Absecond, um indicativo da poesia sensível que orienta a experiência do ouvinte durante a execução do trabalho. Versos delicados que se espalham em meio a sintetizadores coloridos, flertes com a música 8-bit e captações atmosféricas que utilizam de sons da natureza, reforçando a atmosfera bucólica que caracteriza o material sutilmente orquestrado pelo produtor em Romaplasm. Uma clara tentativa de ampliar o território desbravado pelo artista nas canções de Cerulean.

De fato, a forte relação com o trabalho entregue em 2010 se revela a cada nova curva do presente disco. Trata-se de um claro complemento, como se dos sintetizadores e entalhes minimalistas de faixas como Aminals e Maximalist, Wiesenfeld estabelecesse um novo conjunto de regras. Exemplo disso está no completo preciosismo de Human Bog, música que flutua em meio a camadas de ruídos e temas atmosféricos, lembrando o encontro de Ben Gibbard (Death Cab For Cutie) e Jimmy Tamborello (Dntel) no único álbum do The Postal Service, o clássico Give Up (2003).

Em um ambiente de possibilidades quase ilimitadas, Wiesenfeld vai da serenidade ao uso de temas grandiosos em poucos segundos. Composições como a frenética Adam Copies, uma explosão de cores e sintetizadores, mas que acaba desembocando na atmosférica Lev, faixa que lembra a boa fase do Boards of Canada no início dos anos 2000. Surgem ainda canções como a versátil Out, a melancolia de Coitus e o ziguezaguear criativo da derradeira Broadback, composição que transporta o ouvinte para diferentes cenários, como um resumo do som versátil que orienta as canções de Romaplasm.

Marcado pelos instantes, Romaplasm convida o ouvinte a se perder no interior de uma obra que preserva e, ao mesmo tempo, amplia parte do material entregue pelo produtor californiano nos últimos anos. Trata-se de uma obra de essência intimista, pontuada pelo uso de metáforas doces e referências particulares — vide a citação ao anime Cowboy Bebop em Extrasolar. Canções que passeiam pelo cotidiano de Wiesenfeld, porém, se dobram de forma a dialogar com os mais variados grupos de ouvinte, como a passagem para um mundo mágico, a ser compartilhado e reinterpretado pelo público.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.