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Ano: 2018

Selo: Columbia

Gênero: Folk, Country, Indie Pop

Para quem gosta de: Laura Marling e The Tallest Man on Earth

Ouça: Rebel Heart e Fireworks

7.5
7.5

Resenha: “Ruins”, First Aid Kit

Ano: 2018

Selo: Columbia

Gênero: Folk, Country, Indie Pop

Para quem gosta de: Laura Marling e The Tallest Man on Earth

Ouça: Rebel Heart e Fireworks

/ Por: Cleber Facchi 29/01/2018

Em uma perfeita representação do aspecto universal da música, Johanna e Klara Söderberg, duas habitantes das terras gélidas da Suécia, encontraram no cancioneiro dos Estados Unidos um poderoso componente para o fortalecimento da própria obra. Veio daí a fonte para a bem-sucedida discografia da dupla de Estocolmo. Trabalhos como The Big Black and the Blue (2010), The Lion’s Roar (2012) e Stay Gold (2014), sempre embalados pelas ambientações acústicas e canções de amor típicas do country/folk.

Quarto e mais recente álbum de inéditas da dupla sueca, Ruins (2018, Columbia) não apenas preserva a mesma atmosfera dos trabalhos que o antecedem, como estreita (ainda mais) a relação do First Aid Kit com a música e os elementos da cultura norte-americana. Produzido e gravado durante curto período de isolamento da banda na cidade de Los Angeles, Califórnia, o trabalho de dez faixas carrega nos sentimentos expostos o principal componente para o fortalecimento da obra.

Exemplo disso está na profunda sensibilidade de Fireworks. Terceira faixa do disco, a canção embalada pela melancolia dos arranjos e versos – “Por que eu faço isso comigo toda vez?” – costura mais de cinco décadas de referências de forma sempre particular. Fragmentos capazes de emular a obra de veteranas, como Dolly Parton, ao mesmo tempo em que dialoga com nomes recentes do gênero, vide a similaridade com as canções de Sharon Van Etten. Um imenso labirinto sentimental, como um convite a se perder nas experiências da dupla.

A mesma dor ecoa com naturalidade em To Live a Life, música que parece resgatada de algum disco lançado por Joni Mitchell no início dos anos 1970. Ambientações acústicas que se abrem para a lenta inserção de novos instrumentos e vozes, reforçando o esmero da dupla durante toda a execução da obra. Mesmo faixas “ensolaradas”, como Postcard e Distant Star, sutilmente mudam de direção, avançando em meio a novas possibilidades e recortes curiosos que vão do folk psicodélico ao jazz.

Parte expressiva dessa transformação vem da escolha da dupla em trabalhar ao lado do experiente Tucker Martine. Responsável pela gravação/produção de grandes exemplares do country-folk recente, como Carrie & Lowell (2015), de Sufjan Stevens, e The Worse Things Get… (2013), de Neko Case, Martine faz de cada composição em Ruins um ato precioso. Da percussão minimalista que invade a faixa título ao ato instrumental que encerra a canção de abertura do disco, Rebel Heart, difícil não se encantar pelo som delicadamente tecido pelas irmãs Söderberg.

Encantador e doloroso na mesma proporção, Ruins mostra o trabalho de duas artistas em plena compreensão da própria obra. Perceba como cada composição parece montada a partir de pequenas camadas, detalhando um mundo de sensações, melodias e versos a serem desvendados pelo ouvinte ao longo da obra. Um passo seguro e naturalmente criativo em relação ao material entregue há quatro anos durante a produção de Stay Gold.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.