Resenha: “Running Out of Love”, The Radio Dept.

/ Por: Cleber Facchi 28/10/2016

Artista: The Radio Dept.
Gênero: Indie Pop, Dream Pop, Alternativa
Acesse: http://www.theradiodept.com/

 

Perto de completar duas décadas de carreira, os integrantes do grupo sueco The Radio Dept. continuam seguindo a mesma lógica e compromisso dos primeiros registros autorais. Em estúdio, a produção de um limitado acervo de obras conceitualmente seguras, porém, abertas ao uso de novas sonoridades e experimentos improváveis. Trabalhos construídos de forma sempre espaçada, entregues ao público depois de longos e necessários intervalos criativos.

Primeiro trabalho da dupla Johan Duncanson e Martin Larsson em seis anos, Running Out of Love (2016, Labrador), sucessor do elogiado Clinging to a Scheme (2010), mostra que a banda original da cidade de Lund continua a investir pesado em novas possibilidades e ritmos sempre “inusitados”. Versos intimistas que dançam em meio a melodias eletrônicas, sobreposições que flertam com o reggae/dub, além de todo um universo de pequenos experimentos delicados.

Como tudo que a banda vem desenvolvendo desde o inaugural Lesser Matters, trabalho lançado em março de 2003, o novo álbum se apoia na clara na repetição de vozes e arranjos. São bases cíclicas, hipnóticas, sempre carregadas de efeito. Uma complexa manipulação dos instrumentos dentro de estúdio, percepção reforçadas logo nos primeiros instantes do trabalho, dentro do jogo de vozes e batidas tribais de Sloboda Narodu, curiosa faixa de abertura do álbum.

Seja na rápida execução de Thieves of State, com pouco mais de um minuto de duração, ou mesmo na lenta montagem de Swedish Guns, música que dialoga abertamente com o reggae, cada faixa no interior do álbum parece crescer com naturalidade, sem pressa. Guitarras que engatam com leveza nos vocais, flutuam em meio a nuvens de distorção e sintetizadores, fazendo com que o ouvinte seja delicadamente transportado para o interior do disco.

Dentro desse cenário, o duo ainda aproveita para estreitar de forma declarada a relação com a música eletrônica, elemento explorado de forma sempre contida nos últimos trabalhos. Em Occupied, quinta composição do disco, um fino exemplo desse resultado. Em um intervalo de mais de sete minutos, Duncanson e Larsson brincam com as batidas de forma sempre atenta, mergulhando na construção de um material tão complexo quanto dançante.

De natureza versátil, como tudo que a banda vem produzindo ao longo da carreira, cada música em Running Out of Love parece apontar para uma direção diferente. De um lado, composições seguras como This Thing Was Bound to Happen e Can’t Be Guilty, extensões do álbum lançado em 2010. No outro oposto, Occupied, Swedish Guns e We Got Game, canções alimentadas pelo uso de novos ritmos e o explícito desejo da dupla sueca em inovar.

 

Running Out of Love (2016, Labrador)

Nota: 7.8 
Para quem gosta de: The Mary Onettes, A Sunny Day In Glasgow e The Embassy
Ouça: Swedish Guns, Occupied e This Thing Was Bound to Happen

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.