Image
Críticas

St. Beauty

: "Running to the Sun"

Ano: 2018

Selo: Wondaland / Empire

Gênero: R&B, Soul, Hip-Hop

Para quem gosta de: SZA, Janelle Monáe e Solange

Ouça: Caught e Borders

7.8
7.8

Resenha: “Running to the Sun”, St. Beauty

Ano: 2018

Selo: Wondaland / Empire

Gênero: R&B, Soul, Hip-Hop

Para quem gosta de: SZA, Janelle Monáe e Solange

Ouça: Caught e Borders

/ Por: Cleber Facchi 31/01/2018

Passada a divulgação do excelente The Electric Lady (2013), Janelle Monáe deu início a uma nova fase na carreira, inaugurando o próprio selo, Wondaland Records. Desse projeto, veio o estímulo para o lançamento do EP colaborativo Wondaland Presents: The Eephus (2015), uma seleção de seis faixas assinadas por diferentes representantes do (novo) R&B/Soul, caso da dupla Deep Cotton, o cantor Jidenna — com quem colaborou o rapper Kendrick Lamar e Monáe —, além, claro, da recém-formada dupla St. Beauty.

Comandado pelas cantoras Alexe Belle e Isis Valentino, personagens de destaque dentro da efervescente cena de Atlanta, o projeto delicadamente foi abastecido nos últimos três anos por uma seleção de faixas sensíveis, sempre mergulhadas nas batidas e emanações atmosféricas típicas do R&B. Composições originalmente testadas de forma avulsa, mas que se conectam dentro da coletânea/EP Running to the Sun (2018, Wondaland / Empire).

São dez faixa, três delas interlúdios, que flutuam em um universo de exaltações românicas, reflexões sobre o amadurecimento artístico, relacionamentos fracassados e cenas particulares que abastecem o cotidiano de cada colaboradora. Versos que dialogam com os principais conflitos de Belle e Valentino, porém, a todo instante se conectam ao ouvinte, cuidado que se reflete desde a abertura do disco, na já conhecida Borders, e segue até a poesia “cênica” de Lucid Dreams, uma das canções mais fortes da obra.

Como indicado durante o lançamento de Going Nowhere, música escolhida para apresentar o trabalho da dupla em Wondaland Presents: The Eephus, grande parte do presente disco encontra no diálogo com o passado a base instrumental para as canções. São arranjos econômicos que flutuam entre o soul da década de 1970 e o R&B/Hip-Hop produzido no começo dos anos 1990, colagem de ritmos evidente na dobradinha composta por Caught e Tides, essa última, parceria com o rapper Deante’ Hitchcock.

Tamanha leveza na composição nostálgica que rege o disco acaba aproximando o trabalho do St. Beauty de outros nomes recentes da música negra. Difícil não lembrar de SZA ao mergulhar na poesia dolorosa de Stone Mountain — similaridade reforçada no canto forte que abastece a canção. No minimalismo de Borders, a passagem para o mesmo universo criativo de Solange, postura reforçada nas vinhetas que recheiam o disco, como um diálogo particular da dupla com A Seat at the Table (2016).

Evidente rito de passagem para uma nova fase na carreira do St. Beauty, Running to the Sun não apenas resume de forma sensível (e coesa) tudo aquilo que foi produzido desde os primeiros experimentos em estúdio, como serve de passagem para o futuro da banda. Não é difícil perceber a transformação do duo no decorrer do trabalho, como se cada fragmento aqui apresentado, seja ele uma vinheta ou faixa completa, servisse de base para um projeto talvez maior.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.