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Críticas

VanJess

: "Silk Canvas"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Jorja Smith, Chloe X Halle

Ouça: Addicted e 'Til Morning

8.0
8.0

Resenha: “Silk Canvas”, VanJess

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: R&B, Soul, Pop

Para quem gosta de: Jorja Smith, Chloe X Halle

Ouça: Addicted e 'Til Morning

/ Por: Cleber Facchi 07/08/2018

Da melancolia de Jorja Smith ao som colorido do coletivo The Internet, de Amber Mark ao trabalho da dupla Chloe X Halle, sobram grandes lançamentos relacionados ao soul/R&B em sua fase mais recente. Variações poéticas, sonoras e estéticas de um mesmo conceito criativo. Versos sensíveis que se espalham em meio a batidas sempre provocativas, por vezes dançantes, proposta esmiuçada de forma particular no primeiro álbum de estúdio da dupla VanJess, Silk Canvas (2018, Independente).

Comandado pelas irmãs Ivana e Jessica Nwokike, dupla norte-americana de ascendência nigeriana, o trabalho de 14 faixas, como tudo aquilo que o duo vêm produzindo desde o EP 00 till Escape (2015), ganha forma aos poucos. Guiadas pela força das batidas e bases sempre detalhistas, cada faixa do registro se entrega ao lento desvendar das vozes e sentimentos, proposta que parece cercar e transportar o ouvinte para dentro do conceito sensível que rege o disco.

A principal diferença em relação a outros projetos recentes está na forma como a dupla parece seguir por dois caminhos distintos mesmo dentro de uma obra fechada. De um lado, faixas guiadas pela completa melancolia e profunda entrega do eu lírico. No outro, composições que parecem pensadas para as pistas, como uma fuga propositada de qualquer traço de morosidade, direcionamento que amplia a força das batidas e vozes das irmãs Nwokike.

Inaugurado pela poesia romântica de My Love (“Há apenas você e eu / E ninguém será capaz de romper isso / Não é apenas paixão, o que eu tenho com você é para sempre“), Silk Canvas engata em uma sequência de músicas que vão do R&B confessional ao trip-hop, reforçando o lado contemplativo do trabalho. Batidas e vozes detalhadas sem pressa, direcionamento que alcança melhor resultado em Addicted, possivelmente a principal faixa do disco (“Eu sou viciada no que você faz“).

Como indicado em Touch The Floor, colaboração com o jamaicano Masego, no restante do álbum, as irmãs Nwokike se entregam à produção de um material marcado pelas batidas e temas dançantes. Canções como a quente Through Enough, música em parceria com GoldLink, mas que poderia facilmente ser encontrada em algum trabalho do Disclosure. Diálogos breves com o future garage, proposta que alcança melhor resultado em ‘Til Morning, música que costura décadas de referências de forma particular.

Marcado pela dualidade dos sentimentos e fórmulas instrumentais, Silk Canvas tanto funciona como uma representação da identidade criativa que marca o trabalho da dupla norte-americana, como ainda reforça a completa versatilidade do VanJess dentro de estúdio. Como tudo aquilo que Ivana e Jessica Nwokike vem produzindo desde o início da carreira, desde o fim da última década, uma obra guiada em essência pelas possibilidades e permanente senso de renovação.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.