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Críticas

Meu Nome Não É Portugas

: "Sob Custódia da Distância"

Ano: 2017

Selo: Cavaca Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Terno Rei e Vladvostock

Ouça: As memórias engatilhadas e 20h

7.0
7.0

Resenha: “Sob Custódia da Distância”, Meu Nome Não É Portugas

Ano: 2017

Selo: Cavaca Records

Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Terno Rei e Vladvostock

Ouça: As memórias engatilhadas e 20h

/ Por: Cleber Facchi 20/11/2017

Rubens Adati é um desses artistas que parecem brincar com a desconstrução da própria identidade musical. Seja como integrante do grupo Vladvostock, ou como colaborador em diferentes projetos da cena alternativa, vide o trabalho em parceria com Ale Sater e músico de apoio na banda de Giovani Cidreira, cada registro apresentado pelo cantor e compositor paulistano parece transportar o ouvinte para um novo território conceitual.

Em Sob Custódia da Distância (2017, Cavaca Records), primeiro álbum de Adati sob o curioso título Meu Nome Não É Portugas, é onde todos essas pequenas referências e elementos musicais tão distintos acabam se encontrando. Trata-se de uma obra viva, sempre mutável, como se o direcionamento explorado pelo músico durante a produção do EP e n d o p a s s o s (2017), lançado há poucos meses, servisse de base para um novo universo criativo.

Sem necessariamente provar de um som específico, Adati faz de cada composição ao longo do disco um objeto precioso, como um convite a se perder em um cenário de pequenas incertezas. Instantes em que o músico paulistano prova de um som experimental, esbarrando na obra de Tortoise, Slint e demais veteranos dos anos 1980/1990, vide as melodias tortas de Eplov, ou mesmo canções marcadas pela força dos sentimentos e temas retratados de forma melancólica.

É o caso de As Memórias Engatilhadas Dos Momentos De Extrema Paz, música que tropeça na evidente deficiência vocal de Adati, porém, encanta na forma como o ouvinte é conduzido pela história particular que cresce no decorrer dos versos e, principalmente, nos arranjos cuidadosamente espalhados ao fundo da canção. Um cuidado também evidente na inaugural 20h, composição que mais uma vez detalha a força dos sentimentos explorados pelo músico.

Próximo e, ao mesmo tempo, distante do som produzido por conterrâneos como Terno Rei, Ombu e demais nomes da capital paulistana, Adati faz de Sob Custódia da Distância uma obra que encolhe e cresce de forma quase ritmada. Canções de essência acústica, econômicas, caso de Abismos e Sete Cantos, ou mesmo atos grandiosos, como as já citadas As Memórias Engatilhadas Dos Momentos De Extrema Paz e Eplov, em que os sentimentos do cantor se transformam no principal componente criativo.

Curioso, como tudo aquilo que Adati vem produzindo desde o começo da carreira, Sob Custódia da Distância encontra na incerteza dos arranjos, melodias e versos um poderoso elemento para o crescimento da obra. Mais do que um trabalho definitivo, trata-se de um esboço valioso, como se o músico paulistano costurasse décadas de referências (e possibilidades) dentro de estúdio, fazendo do álbum um exercício maior do que a própria duração das faixas parece indicar.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.