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Críticas

Beach Fossils

: "Somersault"

Ano: 2017

Selo: Bayonet

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e DIIV

Ouça: Saint Ivy e This Year

8.0
8.0

Resenha: “Somersault”, Beach Fossils

Ano: 2017

Selo: Bayonet

Gênero: Indie Rock, Dream Pop

Para quem gosta de: Real Estate e DIIV

Ouça: Saint Ivy e This Year

/ Por: Cleber Facchi 25/07/2017

Em 2010, quando os integrantes do Beach Fossils deram vida ao autointitulado primeiro registro em estúdio, todos os esforços pareciam voltados para a formação de um som ruidoso, empoeirado e naturalmente íntimo do rock garageiro/litorâneo que abastecia a cena norte-americana naquele período. Três anos mais tarde, com a chegada de Clash the Truth, o indicativo de um trabalho cada vez mais complexo, maduro, como a passagem para uma nova fase dentro da carreira da banda.

Longe de parecer uma surpresa, Somersault (2017, Bayonet) mostra que a banda comandada por Dustin Payseur, Jack Doyle Smith e Tommy Davidson continua a evoluir dentro de estúdio. De essência melódica, o trabalho de 11 faixas mostra a capacidade do grupo norte-americano em provar de novas sonoridades e tendências sem necessariamente perder a própria identidade. Um som deliciosamente nostálgico, por vezes íntimo da obra de veteranos como R.E.M., The Byrds e demais artistas que encontraram no uso de boas harmonias um poderoso componente criativo.

Apresentado ao público durante o lançamento da inédita This Year, em março deste ano, o terceiro álbum de estúdio do Beach Fossils segue a trilha melódica explorada pelo Real Estate em Atlas (2014). Um material claramente esquivo de possíveis excessos, fazendo da perfeita comunicação entre guitarras e vozes um elemento necessário para o completo funcionamento da obra. Canções que se espalham em meio a pequenos atos, curvas e ambientações delicadas, base para grande parte do trabalho.

Curioso, o registro que conta com produção assinada pelos próprios integrantes faz de cada composição um doce experimento. São músicas como Saint Ivy, faixa que carrega nos versos um forte conceito político, porém, concentra nos arranjos uma fina base orquestral, transportando o ouvinte para o final dos anos 1960. Nada que se compare ao trabalho em Social Jetleg, um Dream Pop psicodélico, à la Tame Impala, porém, reforçado pelo sample jazzístico que passeia ao fundo da canção, lembrando o trabalho do grupo canadense BADBADNOTGOOD.

A mesma composição curiosa acaba se refletindo no interior de Rise, um jazz rap que se abre para a chegada do produtor/rapper estadunidense Cities Aviv, responsável pelas rimas e parte da ambientação hipnótica que cresce no decorrer da faixa. Quem também colabora com a produção do trabalho é a dama do shoegaze/dream pop, a cantora e compositora inglesa Rachel Goswell (Slowdive, Minor Victories), parceria do trio norte-americano logo na segunda composição do disco, a doce Tangerine.

Maduro e jovial na mesma proporção, Somersault mostra o cuidado do Beach Fossils na construção de cada uma das faixas que recheiam o disco. Instantes em que o grupo nova-iorquino aponta com naturalidade para o passado, emulando melodias psicodélicas, marca da nostálgica Saint Ivy, ao mesmo tempo em que parece capaz de reproduzir o mesmo rock levemente empoeirado dos primeiros trabalhos, marca da urbana Down The Line. O claro indicativo de uma obra que segue em pleno processo de amadurecimento e constante descoberta.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.