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Críticas

Psilosamples

: "SP Trips"

Ano: 2017

Selo: Beatwise Recordings

Gênero: Eletrônica, Instrumental Hip-Hop, Experimental

Para quem gosta de: Nuven, Abud e Sants

Ouça: Zé Cid e Fuga de SP

8.2
8.2

Resenha: “SP Trips”, Psilosamples

Ano: 2017

Selo: Beatwise Recordings

Gênero: Eletrônica, Instrumental Hip-Hop, Experimental

Para quem gosta de: Nuven, Abud e Sants

Ouça: Zé Cid e Fuga de SP

/ Por: Cleber Facchi 28/12/2017

Caos urbano, noites de diversão, sonhos e desilusões. Em SP Trips (2017, Beatwise Recordings), mais recente álbum de inéditas do Psilosamples, o mineiro Zé Rolê cria um retrato particular da cidade de São Paulo, suas histórias, referências e personagens vindos de diferentes épocas. Composições orquestradas a partir da precisa desconstrução de samples, fragmentos de vozes, sintetizadores e batidas, principal elemento de conexão entre o ouvinte e o ambiente frenético detalhado pelo artista no decorrer da obra.

Contraponto urbano ao som “orgânico” que marca as canções do último trabalho de inéditas de Rolê, Biohack Banana (2016), SP Trips chega até o público como uma obra de instantes. São faixas curtas, como um agrupado de interferências caóticos que surgem no intervalo de segundos, vide Zé Cid, ou mesmo composições que utilizam da lenta sobreposição dos arranjos como principal elemento para a formação de um ato específico, marca da versátil Boa Noite Joe Caramelo.

Assim como no material produzido para o psicodélico Mental Surf (2012), primeiro grande álbum como Psilosamples, Rolê sutilmente costura fragmentos de filmes, programas de TV e diálogos aleatórios de forma a fortalecer o movimento dos arranjos e bases detalhadas em cada composição. “Eu acho que vou embora para São Paulo“, diz a frase que inaugura o disco, uma espécie de indicativo e convite a provar do som produzido pelo artista para o restante do trabalho.

De Boris Caosoy — “Isso é uma vergonha” —, a abordagem policial em Deus Cria Arrota Nota, sussurros abstratos acabam servindo de ponte para um trabalho de essência grandiosa. É como visitar diferentes locações da capital paulista sem necessariamente fugir da imersão dos fones de ouvido. Uma colisão de ideias que acaba se refletindo na pluralidade de ritmos que abastecem o disco. Recortes que vão da IDM ao jazz e ritmos regionais em questão de segundos.

Interessante perceber como mesmo próximo de outros trabalhos de Psilosamples, SP Trips acaba servindo de indicativo para uma nova fase na carreira do artista mineiro. Composições marcadas por fórmulas abstratas que colidem Hip-Hop e jazz, dialogando com a mesma base instrumental de outros projetos distribuídos pela Beatwise Recordings, selo paulistano responsável pelo lançamento do presente álbum. Um misto de preservação e lenta desconstrução da curta discografia de Psilosamples.

Curioso, SP Trips serve como passagem para um cenário de pequenas incertezas. A sensação de passear pelo interior do disco e perceber em Zé Rolê um novo personagem mesmo na delicada experimentação que cresce em cada faixa. Composições que exigem a audição atenta por parte do ouvinte, como se um mundo de histórias borbulhassem entre as brechas e inserções minimalistas que servem de sustento ao disco. Nada mais justo para uma obra que busca justamente dialogar com toda a diversidade cultural da cidade de São Paulo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.