Resenha: “Starboy”, The Weeknd

/ Por: Cleber Facchi 07/12/2016

Artista: The Weeknd
Gênero: R&B, Hip-Hop, Pop
Acesse: https://www.theweeknd.com/

 

Quem ainda espera que Abel Tesfaye trabalhe em um novo álbum nos mesmos moldes da trilogia lançada em 2011 precisa se conformar: isso não vai acontecer tão cedo. Dono de uma posição de destaque dentro do Hip-Hop/R&B norte-americano atual, o cantor, compositor e produtor canadense mantém firme a busca por um som vez mais comercial, pop, base do sexto registro de inéditas como The Weeknd, Starboy (2016, XO / Republic).

Produzido “em segredo” e anunciado em setembro, durante o lançamento da faixa-título – uma confessa homenagem a David Bowie –, o novo álbum segue exatamente de onde o produtor parou no último disco, Beauty Behind the Madness (2015). São 18 composições inéditas, pouco mais de uma hora de duração, ponto de partida para a construção de um novo catálogo de hits pegajosos que flutuam entre a programação eletrônica, o pop e as rimas de Tesfaye.

A principal diferença em relação aos dois últimos trabalhos do cantor, incluindo o mediano Kiss Land (2013), está na parcial ausência de controle do artista sobre a obra. Produzido durante os intervalos da turnê de Beauty Behind the Madness, obra que aproximou Tesfaye do grande público, Starboy nasce como um registro da ativa interferência de diferentes compositores e produtores. Nomes como Doc McKinney, Cashmere Cat, Diplo e demais artistas espalhados pelo trabalho.

Personagens de destaque, Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo, da dupla Daft Punk, assumem a responsabilidade de abrir e fechar o disco. Na homônima canção de abertura, uma extensão da mesma atmosfera eletrônica montada em parceria com Kanye West para o álbum Yeezus, de 2013. Na derradeira I Feel It Coming, o toque nostálgico do duo francês, fazendo da canção uma peça esquecida do ótimo Random Access Memories, último registro de inéditas da dupla.

Além do time de produtores que cercam Tesfaye durante toda a construção do disco, o cantor canadense ainda surge acompanhado de um seleto grupo de convidados. Lana del Rey surge discretamente em Party Monster e Stargirl Interlude, Kendrick Lamar cresce com destaque nas rimas de Sidewalks, enquanto Future interfere com leveza em All I Know. Entre uma parceria e outra, a produção de músicas essencialmente radiofônicas, caso de Rockin’, Six Feet Under e da melancólica Reminder.

O grande problema de Starboy? O excesso de composições. Assim como em Kiss Land, Tesfaye e os parceiros de estúdio finalizam um registro exageradamente longo, arrastado a partir da segunda metade. Salve breves respiros, como nas canções assinadas em parcerias com outros artistas, difícil perceber se estamos ouvindo de fato uma canção inédita ou a mesma composição. Um tropeço que poderia facilmente ser evitado no corte final do trabalho.

 

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Starboy (2016, XO / Republic)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Drake, Frank Ocean e Kanye West
Ouça: Starboy, I Feel It Coming e Party Monster

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.