Resenha: “Submarine Dreams”, JP Cardoso

/ Por: Cleber Facchi 06/09/2016

Artista: JP Cardoso
Gênero: Indie Rock, Rock Alternativo, Indie Pop
Acesse: https://www.facebook.com/jpcardosomusic/

Fotos: Clara Novais

Eu conheci meus melhores amigos andando de bicicleta na rua / caindo e ralando os joelhos”. O explícito sentimento nostálgico que marca os versos de I Met My Best Friend Skipping Waves On The Beach parece dizer muito sobre o som produzido pelo mineiro JP Cardoso. Em Submarine Dreams (2016, La Femme Qui Roule), primeiro álbum de estúdio do cantor, recordações calorosas da infância dialogam de forma sublime com a instrumentação montada de forma atenta para cada composição.

Produzido em parceria com o músico Leonardo Marques, um dos integrantes da banda mineira Transmissor, o trabalho de apenas dez faixas cresce como um involuntário resumo de todo o universo de artistas que abasteceram o cenário norte-americano durante grande parte da última década. Nomes como Death Cab For Cutie (You never Let Me Ride), The Shins (We Don’t Have to Grow Up) e até grupos recentes, caso da banda californiana Best Coast (Crab Shells).

Leve do primeiro ao último fragmento de voz, Submarine Dreams é uma obra que encanta pelos detalhes. A completa leveza dos arranjos e vozes na faixa de abertura, o preciosismo das batidas na “experimental” Strawberry Ice Cream, o som aconchegante que escapa das guitarras em We Don’t Have to Grow Up. Sem pressa, Cardoso monta um cenário que parece cercar e confortar o ouvinte, convidado a provar da poesia melancólica e doce que se espalha no interior de cada canção.

São músicas que atravessam a infância (I Met My Best Friend Skipping Waves On The Beach), esbarram na adolescência conturbada de qualquer indivíduo (You Never Let Me Ride) e ainda mergulham com naturalidade na vida adulta (We Can’t Forget). “Todo mundo sabe que estamos envelhecendo / mas você não quer ver o seu cabelo branco …  Nós não temos que crescer”, canta em We Don’t Have to Grow Up, uma sóbria reflexão sobre a necessidade de amadurecer, porém, mantendo firme a própria essência jovial.

Inspirado em recordações pessoais, Cardoso faz de Submarine Dreams uma obra que dialoga com os sentimentos, memórias, medos e desilusões de qualquer jovem adulto. Difícil passear pelo interior do disco e não ser atraído pela poesia descomplicada e honesta que serve de base para cada uma das composições. Mesmo as instrumentais Wet Dreams e Crab Shells acabam criando uma atmosfera reconfortante, a curiosa sensação de apreciar um fim de tarde à beira-mar.

Como indicado no texto de apresentação do trabalho, Submarine Dreams sobrevive como uma obra alimentada em essência pela saudade. “Saudade de praia, de verão, dos amigos de infância, de pessoas especiais. Saudade de uma época que a gente não necessariamente viveu”, resume Cardoso. Entre sorrisos e versos empoeirados, a constante sensação de que memórias resgatadas de diferentes fases da vida foram condensadas e delicadamente transformadas em música.

 

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Submarine Dreams (2016, La Femme Qui Roule)

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Cambriana, Transmissor e Death Cab For Cutie
Ouça: I Met My Best Friend Skipping Waves On The Beach e We Don’t Have to Grow Up

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.